Aproximadamente 26 mil doses vencidas da vacina AstraZeneca foram aplicadas em moradores de cidades de todo o Brasil, sendo 74 utilizadas em pessoas que se vacinaram contra a Covid-19 na Serra. A informação preocupante foi obtida através dos registros oficiais do Ministério da Saúde. Na prática, quem recebeu o imunizante fora do prazo de validade pode estar sem nenhuma proteção contra o coronavírus.
Em todo o Espírito Santo, foram 159 capixabas vacinados com doses vencidas e a situação mais preocupante é na Serra, já que a maioria dos afetados são profissionais de saúde do hospital particular Vitória Apart. As informações vieram a público através de denúncia exclusiva do jornal Folha de São Paulo.
De acordo com a Folha, até o dia 19 de junho, os imunizantes com o prazo de validade expirado haviam sido utilizados em 1.532 municípios brasileiros, inclusive na Serra. A campeã no uso de vacinas vencidas no Brasil é Maringá, no Paraná. A cidade paranaense vacinou 3.536 pessoas com o produto da AstraZeneca fora da validade (primeira dose em todos os casos).
Já no Espírito Santo, a maioria das doses vencidas foram aplicadas na Serra, sendo 74 em profissionais de saúde e outras quatro em unidades de saúde do Município (lista completa no final da matéria).
Para saber se você recebeu uma dose vencida, basta conferir o número do lote que fica registrado na carteira individual de vacinação onde foi registrada a imunização contra a Covid-19. Os dados dos lotes fora da validade estão na lista abaixo:
Número do lote e vencimento
4120Z001 29.mar
4120Z004 13.abr
4120Z005 14.abr
CTMAV501 30.abr
CTMAV505 31.mai
CTMAV506 31.mai
CTMAV520 31.mai
4120Z025 4.jun
As pessoas que receberam doses vencidas da vacina contra o coronavírus precisam ser vacinadas novamente. De acordo com o Ministério da Saúde, a aplicação de doses fora do prazo da validade não traz nenhum risco ao corpo humano, mas também não garante a proteção contra o coronavírus. O afetado deve procurar uma unidade de saúde mais próxima de sua residência.
O que diz a Prefeitura da Serra?
O TEMPO NOVO entrou em contato com a Prefeitura da Serra. Por meio de nota, o Município explicou que a Secretaria da Saúde da Serra (Sesa) informa que tem um controle rigoroso no estoque de doses, verificando a validade das vacinas.
“Em relação às três doses aplicadas na ESF de Cidade Continental e à dose aplicada na Unidade Regional de Saúde de Jacaraípe, houve um erro de registro no sistema, mas já foi providenciada a correção”, disse o Município.
Quanto às 74 doses aplicadas no Vitória Apart Hospital, a secretaria disse que vai investigar o caso.
Mais de 114 mil doses distribuídas aos municípios já estão vencidas
Outra informação levantada pela Folha de S. Paulo é que outra 114 mil doses da vacina AstraZeneca, que chegaram a ser distribuídas a estados e municípios dentro do prazo de validade já expiraram. O que não ficou claro é se elas foram descartadas ou se continuam sendo aplicadas.
Atualmente, a AstraZeneca é o imunizante mais usado no Brasil. Ela corresponde a 57% das doses aplicadas neste ano e a imensa maioria foi utilizada de acordo com as orientações do fabricante.
As vacinas vencidas fazem parte de oito lotes da AstraZeneca, que foram importados ou adquiridos por consórcio. O que expirou a mais tempo é datado do dia 29 de março e o que venceu há menos tempo tinha data de validade para o dia 4 de junho.
De acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, quem tomou imunizante vencido precisa se revacinar, pelo menos, 28 dias após ter recebido a dose administrada depois do vencimento. Na prática, é como se a pessoa não tivesse se vacinado.
Veja os locais onde as doses foram aplicadas vencidas na Serra:
Vitória Apart Hospital S A (Serra) – 74 doses;
Estado nega distruibuição de vacinas vencidas
A Secretaria da Saúde do Espírito Santo informou, por meio de nota, que nenhuma vacina contra a Covid-19 vencida foi distribuída aos municípios capixabas. Disse ainda que todas as vacinas enviadas pelo Ministério da Saúde que chegam ao Espírito Santo passam por rigorosa conferência e são inseridas no sistema estadual de informação que faz o monitoramento com relação à validade e distribuição aos municípios.
“A logística de distribuição e a agilidade com que os lotes chegam ao destino tem sido um diferencial na estratégia estadual de vacinação”, diz o texto.
A Sesa ainda esclareceu que erros no registro da vacina por parte do vacinador/digitador podem ocorrer, por ser manual e utilizado em uma fase de grande demanda por vacinação no estado. Diante das inconsistências apresentadas pelo Portal do Ministério da Saúde, podem ocorrer preenchimentos de datas equivocadas do imunizante.
“A Sesa está solicitando aos municípios que façam nova conferência das doses apontadas como vencidas para orientar as medidas que serão estabelecidas a partir do resultado dessa análise”, finalizou o texto.