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A arte de consertar sapato resiste ao tempo na Serra

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Reinaldo  da Sapataria Pacheco, na Serra-sede, está na profissão há 45 anos. Foto: Edson Reis
Reinaldo da Sapataria Pacheco, na Serra-sede, está na profissão há 45 anos. Foto: Edson Reis

Clarice Poltronieri

Uma profissão que atravessa os séculos e resiste: sapateiro. Mesmo com calçados e bolsas tão baratos que nem vale a pena pagar para consertar, ainda há quem valorize o trabalho artístico de quem cuida de seu sapato velho.

Em Laranjeiras, a Sapataria Alves, de Reginaldo Germano, o famoso ‘seu Alves’, é a prova viva de que a profissão resiste. Há 33 anos trabalhando no bairro, ele conta como começou.

“Quando tinha 10 anos falei pro meu pai que queria aprender a profissão e ele me incentivou. Trabalho com isso há 64 anos, 33 só em Laranjeiras. Conserto cerca de 50 pares por mês, com ou sem crise. O movimento por aqui é sempre o mesmo”, conta.

Seu Alves criou os três filhos dentro da sapataria e um deles, Oduvaldo Alves, o ‘Dudu’, acabou se encantando e há 14 anos se dedica à profissão junto ao pai.

“Já fui motorista e mecânico, mas sempre gostei de ajudar meu pai e hoje não quero mais deixar a profissão. Tem que ter muita criatividade e conhecer bem os materiais. Não só consertamos. Também adaptamos melhor para o encaixe do pé, ou abrindo a forma ou fechando. E o público maior é de classe média a alta, pois valorizam o calçado de boa qualidade e preferem fazer um pequeno reparo a dispensá-lo”, explica Oduvaldo, que acrescenta que o serviço pode custar de R$ 5 a R$ 100.

Outro que resiste na profissão é Reinaldo Pacheco Dias, da Sapataria Pacheco, na Serra-Sede. “Tenho 45 anos de profissão, 36 só na Serra. Comecei em Aracruz, aos 19 anos, ajudando meu tio. Gostei e depois abri minha sapataria. Era motorista e sapateiro. O conserto mais barato é R$ 6 e o mais caro uns R$ 60”, narra.

Sobre a profissão, que não tem tantos herdeiros, ele opina. “Não dá muito lucro, mas é divertido. Sou o último sapateiro da Serra sede. Outros dois morreram e um terceiro abandou a profissão. O pessoal de hoje não quer saber de trabalhar. A época de maior movimento é fim de ano, mas tem dia que conserto de cinco a oito pares. E tem dia que não aparece nenhum. E muitos clientes colocam o calçado para consertar e não buscam, aí faço doação para os brechós”, conclui.

 

 

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