Por Bruno Lyra
Este 2019 tem sido marcado por problemas relacionados à água na Serra. A começar pelo líquido oferecido pela Cesan às regiões da Sede e do Civit I, há dois anos abastecidos pelo novo sistema Reis Magos. No último final de semana, a água chegou escura às torneiras e permaneceu assim por mais de 24h, segundo relatos de moradores.
Bairros estes que já tinham sofrido com alterações na água entre setembro e outubro, quando o líquido chegou salobro, com cor e cheiro estranhos. Em ofício a questionamento de deputado – o caso repercutiu politicamente -, a companhia de saneamento admitira que mandou água com mais sal do que o normal.
A salinização do rio Reis Magos por conta da influência do mar e da baixa vazão de água doce durante estiagens já havia sido denunciada antes mesmo de a Cesan implantar o sistema Reis Magos. O alerta foi dado em julho de 2016 por produtores rurais da cidade e repercutido pelo TEMPO NOVO. Ainda assim, a empresa ignorou. Agora, após gastar R$ 70 milhões para atender 150 mil moradores, está com um tremendo abacaxi em mãos.
Mas o pior mesmo é para as famílias mais pobres, que não podem comprar água mineral. A elas, resta beber e cozinhar com a água da Cesan. Há relatos de problemas de saúde relacionados ao consumo do líquido.
Outra frente polêmica da Cesan tem a ver com o esgoto. Desde janeiro de 2015, a empresa implantou, com autorização do Município, uma Parceria Público Privada (PPP) para a gestão do esgoto. A justificativa é que o contrato de R$ 625 milhões em 30 anos daria fôlego para investimentos na área.
Quase cinco anos depois, nenhuma nova estação de tratamento foi construída. Muitas das que existem, obsoletas, não foram melhoradas. Por hora, só mesmo expansão de redes coletoras. Que de efeito mais prático, aumentaram a arrecadação da taxa de esgoto pela empresa. A qualidade do serviço segue ruim. Tanto que há dezenas de multas aplicadas pelo Meio Ambiente à parceira na PPP, a Ambiental Serra, e à própria Cesan. Ambas as empresas recorrem e postergam ao máximo o pagamento. E mesmo se pagarem, a poluição não cessa.
Agora, a Cesan, sem PPP, está implantando rede de esgoto em Santa Leopoldina, onde passa outro rio que abastece a Serra, o Santa Maria. Moradores de lá denunciam que o projeto é falho, pois não coleta o esgoto de casas mais próximas ao rio. Ou seja, um gasto sem solução.
Para arrematar, também existe a acusação de que a Cesan faz uma espécie de racionamento seletivo no abastecimento de água para a Serra, com sucessivas interrupções em vários bairros e com a alegação genérica de manutenções programadas. E dá-lhe ar nas tubulações e contas.