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A escolha de Audifax

Nos meios políticos têm se falado com insistência sobre uma possível candidatura do ex-governador Renato Casagrande (PSB) a prefeito da Serra. O ex-prefeito João Baptista da Motta (PSDB) tem se colocado como o autor da ideia e a defende com veemência.

Cerca de três meses atrás, Casagrande e o deputado estadual Bruno Lamas estiveram andando alguns bairros da cidade, visitando famílias, apertando as mãos das pessoas, cumprimentando-as; uma verdadeira peregrinação política. O fato ganhou repercussão e logo se espalhou a tese da candidatura do líder socialista a prefeito da Serra.

Essa movimentação de Casagrande foi no auge da propagação de que o prefeito Audifax Barcelos deixaria o PSB para filiar-se ao Rede Sustentabilidade, que a ex-senadora Marina Silva tenta registrar junto ao Superior Tribunal Eleitoral – TSE. O Rede ainda não saiu do papel e Audifax não saiu do PSB e Casagrande recuou de suas andanças pela Serra.

Na semana passada, Bruno pediu publicamente uma posição ao prefeito, se ele sai ou fica no partido. O deputado tem colocado que se Audifax permanecer no PSB ele é automaticamente o candidato do partido, mas que essa indefinição de sai não sai incomoda e trava a sigla, por isso pediu uma definição antes do prazo final de filiação partidária e de domicílio eleitoral, que é no início de outubro.

Início de outubro é um prazo que serve para diminuir a ansiedade do mercado político, que quer saber quem entra e quem sai de que partido e ver se Casagrande transferiu ou não o título para a Serra. Mas o xadrez continua e a ansiedade que havia arrefecido volta a subir, provavelmente logo após a virada do ano.

Cada ato tem um significado. Se Audifax deixar o PSB, pode ser entendido que ele se alinhou com o Palácio Anchieta e terá o apoio de Hartung para a sua reeleição. Se ele permanecer no PSB pode significar que ele não conseguiu garantia do apoio do governador e vai marchar com Casagrande e sua turma, provavelmente enfrentando Vidigal (PDT), que poderá ter o apoio de Hartung.

O fato é que a crise econômica e política que se abateu sobre o país, jogou água fria sobre a fervura pré-eleitoral e a maioria das lideranças está atuando mais nos bastidores do que publicamente.

Casagrande, Hartung e a Serra

Mas na hipótese de Audifax deixar mesmo o PSB, não é descartada a candidatura de Casagrande a prefeito da Serra não, podendo ter o deputado estadual Bruno Lamas como vice.

Se isso vier a acontecer, Casagrande terá que explicar para o povo da Serra qual o propósito de sua candidatura? O que o teria motivado a descer o elevador e disputar o comando do executivo, uma vez que ele está lá na frente: já foi vereador, deputado estadual, vice-governador, deputado federal, senador, governador, secretário municipal e secretário de estado?

Não teria passado a fase dele ter sido prefeito, único cargo eletivo fora da esfera nacional que ele ainda não disputou? Nesse caso o ideal não seria disputar o comando da Capital, que dá mais visibilidade e status?

Caso Casagrande realmente decida por ser candidato a prefeito da Serra, é para cumprir os quatro anos de mandato ou é para renunciar com um ano e três meses e se candidatar a senador ou a governador? Estará Casagrande querendo se vingar de Hartung, não deixando o seu mais novo pupilo, Sérgio Vidigal ganhar a eleição?

Se for o caso de consolidar a candidatura e depois de esclarecer esses e outros questionamentos ao povo da Serra, Casagrande terá que apresentar um plano de governo para a cidade. O que pretende fazer? Como romperá o bloqueio político junto ao Palácio Anchieta?

Mas na política, o óbvio é o que menos prevalece. Há quem aposte que uma candidatura de Casagrande a prefeito da Serra culminando com vitória, seria um providencia divina para os planos políticos do governador Paulo Hartung. Com Casagrande ‘preso’ na prefeitura, ele fica livre para comandar a sucessão estadual e eleger quem quiser para os quatro principais cargos em 2018, que são os de governador, vice e os dois senadores.

Apesar de Hartung ter eleito Casagrande seu inimigo figadal, não quer dizer que uma vitória do ex sobre o atual aqui na Serra seja ruim.

Mas tudo isso não passa de especulações. É esperar para ver quais as decisões que os protagonistas da nossa política irão tomar.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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