Categories: Mestre Álvaro

A história e a mulher serrana

Luciana Malini

Poucas pessoas sabem, mas a Serra foi palco de pioneiros movimentos feministas no passado. A história remonta aos anos de 1976 e coincide com o início dos movimentos sindicais no ES.

Como alternativa para fugir da censura da ditadura, os sindicatos se reuniam em casas alternadas e aos sábados. Portanto, para não levantar suspeitas era necessário levar a família. Os homens reuniam-se na sala e as companheiras em outros cômodos para papear sobre “assuntos de mulher”.

Contudo, destas conversas surgiu algo magnífico: a união das mulheres e a vontade de posicionar-se em questões sociais como a necessidade de lutar por creches para as crianças, melhorias na infraestrutura da cidade, entre outras questões.

Essas mulheres passaram a se reunir independente aos homens, e com medo de represálias da ditadura, ficaram na clandestinidade por muitos anos. Mas atuaram em protestos e foram responsáveis pelo embrião que viria a nascer no início dos anos 90.

Refiro-me a Associação de Mulheres Unidas da Serra (AMUS) formada em 1992 no rescaldo da redemocratização e incentivada pela Pastoral Operária da Igreja Católica, pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) e as Religiosas Sagrado Coração de Maria (RSCM)

A AMUS , criada a partir de cerca de 15 grupos de mulheres em bairros, principalmente em Central Carapina e Feu Rosa, provenientes do movimento do anos 70, foi figura fundamental na luta pelos direitos das mulheres do município.

A primeira presidente da AMUS foi a Eusabeth, mas nomes importantes como Angelina Reis, Zenilda e muitas outras mulheres fazem parte da construção dessa história.

A AMUS promoveu encontros com as mulheres nos bairros e levou ações de educação sexual, métodos contraceptivos alternativos (fitoterápicos), oficinas de autoestima, artesanato e alternativas de geração de renda para as mulheres.

Mas militou também nos protestos de mulheres em frente aos supermercados por conta da alta inflação (1994), com conquistas como a Delegacia da Mulher (1994) e reabertura da maternidade de Carapina (1997).

De lá pra cá tivemos boas vitórias. Entre outras a criação do Pró-Vida e do Conselho da Mulher (2001), a Vara Criminal de Proteção à Mulher (2007) e em 2012 a criação da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres – Seppom, pioneira no estado.

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

Últimas postagens

Comunicado – 19/11/2024 – 2ª edição

publicidade legal - 19-11-2024 - 2ª ediçãoBaixar

18 horas atrás

Os impactos da escala 6×1 na saúde mental dos trabalhadores

Sem tempo suficiente para se recuperar, muitos trabalhadores relatam dificuldades em equilibrar a vida profissional e pessoal,l podendo gerar efeitos…

19 horas atrás

Vereadores eleitos da Serra destacam estabilidade política e declaram voto em Saulinho para presidente da Câmara

Grupo dos 16 vereadores estão fechados e deve reconduzir Saulinho a presidência. Crédito: divulgação. Se não houver desistências ou traições,…

19 horas atrás

Vale abre vagas de emprego para todos os níveis de escolaridade; se inscreva

A Vale abriu novas vagas de emprego para todos os níveis de escolaridade. Crédito: Divulgação A mineradora Vale abriu novas…

19 horas atrás

Bares da Serra preparam agenda especial para a véspera de feriado da Consciência Negra

Tem cardápio especial para os boêmios em diversos bares da Serra, destaque especial para o Bar do Mineiro, em Jacaraípe.…

19 horas atrás

Estado oferta concurso público com 600 vagas de nível médio e salários de R$ 4.700

O Governo do Estado oferta concurso público com 600 vagas de nível médio e salários de R$ 4.700. Crédito: Divulgação…

21 horas atrás