Bruno Lyra
Os senadores capixabas Fabiano Contarato (Rede) e Marcos do Val (Cidadania) têm em comum, além de serem estreantes no Senado e estarem em primeiro mandato eletivo, o fato de terem carreira ligada à segurança pública. Delegado da Polícia Civil, Contarato já comandou a delegacia de Meio Ambiente, de Delitos de Trânsito e foi chefe do Detran no ES. Militar da reserva, Do Val ganhou notoriedade com vídeos na internet sobre seu trabalho como consultor e palestrante para policiais no Brasil e EUA.
As semelhanças terminam por aí. Os senadores têm ideologias diferentes, o que já era nítido na corrida eleitoral de 2018, quando derrubaram os veteranos Ricardo Ferraço e Magno Malta. Diferenças que ficaram ainda mais evidentes nestes primeiros seis meses de atuação como parlamentares.
O maior exemplo é a segurança pública. Enquanto Do Val é ferrenho defensor das propostas do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para facilitar porte e posse de arma, Contarato é crítico feroz. Tema de profunda relevância para a Serra, cidade campeã de homicídios e apreensão de armas.
No Senado, Do Val trabalha para a manutenção das propostas de Bolsonaro para facilitar o acesso às armas. Já Contarato usa o mandato para fazer o contrário, da mesma forma que é opositor ferrenho da retirada de radares das rodovias e do afrouxamento das regras de trânsito, medidas defendidas pelo presidente. Outro tema que é caro à Serra, uma vez que o trecho de 40 km da BR 101 no município é o mais letal de toda a rodovia que corta o litoral brasileiro.
Do Val é relator e entusiasta do pacote anticrime do ministro Sérgio Moro. Embora Contarato não tenha manifestado oposição ao pacote, atacou Moro – o que ganhou repercussão nacional – quando o ministro foi ao Senado explicar os diálogos com procuradores da Lava Jato na época em que ainda era juiz e publicados pelo site The Intercept.
Homossexual – condição que nunca fez questão de explicitar ou negar – casado e com filhos adotivos, Contarato é opositor a Bolsonaro. O que é natural, pois foi eleito pelo partido de Marina Silva, crítica do presidente. Contarato virou alvo da ira bolsonarista e das fakenews.
Embora tenha sido eleito por um partido de centro (PPS, que virou Cidadania) que inclusive apoiou os governos Lula, Do Val faz o gênero hétero, conservador, rude com bandidos, estereótipo em alta na política. Hábil com armas e artes maciais, tem uma namorada jovem e bonita, que ganhou cargo no Senado, inclusive. Por fim, Do Val se diz ameaçado de morte por defender o pacote anticrime.