Por Bruno Lyra
Nada pode reparar a perda das vidas das 71 pessoas que morreram no desastre aéreo de Medellín na última terça- feira (29), dentre elas tripulantes, jornalistas, dirigentes esportivos, comissão técnica e jogadores da Chapecoense. Mas a comoção mundial e a solidariedade de clubes e torcedores de outras equipes que se sucederam a tragédia é algo digno de registro.
Isto porque, o futebol tornou-se um lugar de crescente intolerância e violência. A ponto de muitos deixarem de freqüentar os estádios por conta das brigas, sobretudo entre torcidas organizadas. Claro que nem todas as torcidas organizadas apregoam e praticam a violência.
Até no pobre futebol capixaba os exemplos de intolerância se multiplicam. Mesmo em jogos com poucas centenas de torcedores, as brigas não são raras. Num jogo entre Desportiva e Rio Branco, o nosso maior clássico, as torcidas têm de ser bem separadas e vigiadas pela PM.
E para essas duas torcidas virem à cidade assistir um jogo de seu time contra o Serra no Robertão, um sufoco. A mesma coisa vale para o torcedor do tricolor serrano que vai assistir seu clube no Salvador Costa (Vitória) ou no Kléber Andrade e no Engenheiro Araripe (ambos em Cariacica).
Que o sentimento de humanidade e respeito à dor da Chapecoense, demonstrado por clubes e torcidas, possa ‘contaminar’ o mundo do futebol. E não ser somente uma onda passageira neste mundo acelerado e cheio de efemeridades.