Por Eci Scardini
Desde 1982 o eleitor serrano não via uma eleição densa, dura, disputada, brigada e de resultado incerto. Em um passeio pelos últimos 24 anos de história política da Serra, e lá se vão oito eleições de prefeito, pode-se afirmar com toda a certeza que essa é a que mais se aproximou do pleito de 1982, até então considerado o mais emocionante, cujo resultado só foi conhecido no final da apuração, que demorou uma semana.
Personagem vivo dessa história, Tempo Novo presenciou cada uma dessas eleições.
A de 1982 foi disputadíssima, entre João Baptista da Motta e Getunildo Pimentel, pelo PMDB e Aldary Nunes e Dorian Benedito, pelo PDS. Eram dois candidatos por partido e os votos deles eram somados. A legenda que somava mais voto ganhava a eleição e o eleito era o mais votado.
O voto era em cédula de papel e a apuração no antigo Clube Vitória, no Parque Moscoso, em Vitória. Foi quase uma semana de apuração e somente no último dia é que Motta pode comemorar a apertada vitória. Foi uma eleição difícil e era arriscado afirmar quem ganharia.
A eleição de 1988 teve campanhas grandes, exuberantes, tensas, mas o clima nas ruas apontava para uma vitória de José Maria Feu Rosa (PTB) e seu vice, Adalto Martineli sobre Rose de Freitas (PMDB) e o seu vice, Arildo Cassaro. As urnas confirmaram o que as ruas já sabiam e Feu Rosa ganhou.
Em 1992 o resultado já era conhecido mesmo antes de começar a campanha. A vitória de João Baptista da Motta (PMDB) sobre a viúva Penha Feu Rosa (PTB) e o vereador Sérgio Vidigal (PDT) já era tida como certa, como foi.
A eleição de 1996 teve campanhas grandes, ostentadoras, com lances de violência. Mas, de antemão, a vitória do deputado estadual Sérgio Vidigal (PDT) sobre o deputado federal João Miguel Feu Rosa (PSDB) já era esperada, o que foi amplamente confirmado.
A eleição de 2000 marcou a reeleição de Sérgio Vidigal e com muita folga. Com o deputado estadual Gilson Gomes fragilizado politicamente, coube à sua esposa, Sandra enfrentar a ‘fera’. Outro personagem que surgiu nessa eleição foi Edson Vargas, que inusitadamente trocou carros por carroças de burro, para propagar sua candidatura. Vitória esmagadora de Vidigal.
Alegria ou tristeza a jato
A eleição de 2004 marcou a chegada de Audifax ao poder. A história dessa eleição mudou de rumo com a cassação da candidatura do empresário e desportista Betinho Sartório, pelo PPS. A disputa ficou entre Audifax e João Miguel Feu Rosa, sagrando-se vitorioso Audifax. Foram duas campanhas grandes, mas podia-se afirmar com bastante segurança que Audifax seria o vitorioso, como foi.
Em 2008, com Audifax no poder mas fora da disputa pela reeleição, a campanha ficou insossa, protocolar. Foi Vidigal buscando o terceiro mandato, contra o vereador Tio João. O que se viu foi Vidigal ser eleito de forma esmagadora.
A eleição de 2012 marcou o primeiro embate entre ‘criador’ e ‘criatura’: Vidigal x Audifax. O primeiro buscava a reeleição e o segundo era deputado federal. Com a crise que já assolava o poder público, o que se via nas ruas era a predominância de Audifax.
Foram duas campanhas gigantescas, envolventes, mas que ao final confirmou o que as ruas indicavam, apesar das pesquisas da Futura e da Enquete apresentarem acirrada disputa e até empate técnico. Audifax venceu Vidigal por quase 35% de frente.
A eleição de agora teve um primeiro turno insólito, com Audifax em um leito hospitalar na condição de quase morte. Vidigal ganhou por 10 mil votos de diferença e por pouco mais de três mil votos não levou no primeiro turno.
Nesse segundo turno o clima esquentou. Os dois se digladiam nas ruas, redes sociais o e nos poucos debates que tiveram. A campanha chega ao fim sem um resultado previsível. E diferente de 1982, o resultado é rápido e assim, a alegria de um e a tristeza do outro chegam a jato.