Artigo de opinião
A sonhada cadeira de presidente da Câmara é sempre objeto de intensa disputa política na Serra. Não é para menos, o vereador escolhido para a função de presidente, vai gerir um orçamento anual de R$ 37 milhões em 2020, por exemplo; também vai poder nomear uma horda de aliados para fortalecer suas bases políticas, além de uma penca de outros privilégios. É o segundo “trono” da cidade, que fica só atrás do “trono” do prefeito.
No entanto, os privilégios escondem alguns fatos objetivos em torno da função. Se lançar uma análise sobre os últimos cinco vereadores que ocuparam a presidência da Câmara da Serra, veremos que talvez, haja uma ‘maldição escondida’.
De 2005 a 2006, o ex-vereador Adir Paiva era o presidente. Um parlamentar desenvolto, mas que sofreu muito desgaste, em especial em um caso que envolveu uma compra de cadeiras massageadoras. Adir não conseguiu se eleger vereador na eleição que se sucedeu e nunca mais retornou à Câmara.
De 2007 a 2008, assumiu o habilidoso Aloísio Santana. Aloísio teve problemas com a prestação de contas, aliado a um desgaste junto à opinião pública envolvendo aumento de subsídios aos vereadores. Aloísio também não se elegeu, ficou um tempo na planície política, e hoje atua nos bastidores.
De 2009 a 2012, César Nunes ocupou a presidência. Um vereador com trânsito fácil entre os parlamentares e muito jeitoso para lidar com a prefeitura. Cesar teve problemas com o Tribunal de Contas, teve que se defender na Justiça, ficou ameaçado de virar ficha suja, e não conseguiu se eleger vereador em 2016, entrou para a planície.
Em 2013, entrou Guto Lorenzoni (Rede). Ele não conseguiu hegemonia no plenário e teve dificuldades para lidar com um grupo que se insurgiu contra ele. No fim, foi rifado da presidência. Talvez um ‘mal que veio para o bem’, pois Guto está ai, vivo politicamente e com boas chances de reeleição em 2020.
De 2015 até 2018, Neidia Maura ficou como presidente. A vereadora contraiu muitos desafetos para isso. Em 2017, migrou da oposição para a base de Audifax, mas sem pertencer organicamente a este grupo. Em 2018, Neidia foi afastada e esse ano, foi condenada por corrupção. A Justiça determinou prisão de 5 anos e 10 meses. Ela recorreu da sentença e segue em liberdade por enquanto.
Agora, quem está com a batuta é o vereador Rodrigo Caldeira (Rede). Este ano, ele protagonizou uma disputa pessoal contra o prefeito Audifax Barcelos (Rede). Com sérias acusações mútuas de ‘crime organizado’. Mas desde junho, uma ‘trégua’ costurada por líderes da oposição, desarticulou o movimento liderado por Caldeira.
Agora, Caldeira está no ‘limbo’: o grupo de oposição remanescente cobra uma postura de Caldeira, e a base governista alega que o presidente está alinhado com Audifax. No entanto, passa longe de ser um ‘orgânico’ dos governistas. Na prática, a confiança passa longe ali.
Este meio termo não atende aos interesses de ninguém, e tem deixado Caldeira cada vez mais isolado no arranjo de forças da Câmara. Já há quem fale sobre ‘conspiração’ interna contra ele. Será a maldição da cadeira dando as caras novamente?