Por Bruno Lyra
Apesar do número de homicídios ter recuado em relação ao ano passado nos sete primeiros meses do ano em relação a 2015 (177 contra 204), a Serra continua líder isolada da carnificina cotidiana em solo capixaba. Tanto que em julho, 25 dos 50 assassinatos na Grande Vitória aconteceram na cidade.
Os homicídios têm causas múltiplas e complexas, que enveredam por razões antropológicas, históricas, sociais, econômicas e até ambientais. Mas uma coisa é consenso: a baixa presença e até mesmo ausência do poder público contribui e muito para que o sangue continue correndo abundantemente na terra do Mestre Álvaro.
Neste sentido, historicamente a Serra vem sendo discriminada pelo governo estadual. E, porque não, pelos próprios políticos serranos. Uma cidade que saltou de 17 mil moradores para meio milhão em 46 anos não pode ter só uma delegacia de polícia 24h. Diferente das suas coirmãs Cariacica, Vila Velha e Vitória, a Serra tem bairros espalhados e distantes entre si, dificultando o acesso da polícia e da população quando precisa do serviço que paga e que é direito constitucional.
Ainda a delegacia de Laranjeiras, que vive abarrotada com viaturas e veículos apreendidos estacionados sobre uma calçada cuja imagem lembra mais a do trânsito nas megalópoles da Índia. Passou da hora da cidade ter pelo menos mais uma delegacia, de preferência na região de Jacaraípe, outrora balneário turístico hoje transformado em periferia violenta.
E que tenha espaço para oferecer serviço adequado à população e ainda garanta a segurança e salubridade dos Policiais Civis e Militares que arriscam suas vidas todo dia na missão de cuidar de vidas e patrimônios alheios.