O mercado político ficou perplexo na manhã de quarta-feira (27) ao ler no jornal A Gazeta o resultado da pesquisa de intenções de votos, realizada pelo Instituto Futura, fechando a série de reportagens sobre a Serra, que avalia a gestão municipal, o desempenho do prefeito Audifax Barcelos (PSB) e a preferência do eleitor para a eleição do ano que vem.
Antes da Serra, publicações semelhantes foram feitas sobre Vitória, Linhares, Cariacica, Vila Velha e Cachoeiro.
A perplexidade ficou por conta do resultado divulgado, na menção estimulada, com o ex-prefeito Sérgio Vidigal (PDT) bem na frente (36%) de Audifax (21,3); Vandinho Leite (11,5%), em uma posição surpreendente, e o deputado estadual Bruno Lamas (PSB), que já aparece no retrovisor desses três pretendentes, com 5,3%.
Chamou também a atenção do mercado a aprovação do governo de Paulo Hartung (PMDB), cujo índice de ótimo/bom é 26,5%, considerado pouco para quem está em um início de mandato.
A polarização Audifax x Vidigal tem feito com que as empresas tenham muitas dificuldades em realizar pesquisas eleitorais na Serra. As informações de dia, hora e local das entrevistas vazam e é montada toda uma logística por parte de adeptos dos dois, na tentativa de serem entrevistados. Ônibus, van’s e carros particulares, lotados de cabos eleitorais já foram usados, levando o pessoal para os diferentes pontos de coleta de dados.
Esse bastidor, o pessoal de Vidigal sempre operou com mais competência do que o pessoal de Audifax. Quem também é bom nesse tipo de mobilização é Vandinho. Vale lembrar que nas pesquisas de intenções de votos feitas pela Futura e publicadas em A Gazeta na disputa pela prefeitura em 2012, Vidigal sempre apareceu em empate técnico com o seu rival. Em julho de 2012 Audifax tinha 41,1% e Vidigal 40,9% e também às vésperas da eleição, quando os números seguiam indicando empate. O pleito terminou com 61,39% dos votos para Audifax e 37,56% para Vidigal.
Desde essa época Audifax e Futura nutrem uma birra. Enquanto deputado e candidato a prefeito, Audifax sempre quis saber por que os resultados da Futura não batiam com os resultados apurados pela Enquete divulgados pelo jornal A Tribuna.
Capacidade de político e administrador à prova
Na pesquisa de avaliação da administração, o percentual de ótimo/bom foi de 28%, de regular foi 39,3 e de ruim/péssimo foi 28,8. Os principais problemas da administração, na opinião dos entrevistados são segurança, com 35,8, e saúde, com 31,5. Vale ressaltar que a segurança é uma competência muito maior do Estado que comanda as polícias e gere os presídios; mas quando o coronel Nylton Rodrigues assumiu a Defesa Social da Serra com o discurso de diminuir a violência, a população passou a jogar o problema na conta do município.
No quesito ‘a imagem de Audifax’ um tópico chamou a atenção: o prefeito está presente no dia-a-dia da cidade? 60,3% dos entrevistados disseram que não. Essa é uma pergunta que precisa ser melhor explicada.
Audifax, Juninho, Rodney, Vidigal, quando prefeito, todos eles, passam grande parte do dia e quase todos os dias do mês em suas cidades. Promovem ordens de serviços, inaugurações, eventos, visitam obras, entre outros eventos que os colocam cara-a-cara com o eleitorado.
Não há como cobrar de prefeitos de cidades como a Serra, Cariacica, Vila Velha e Vitória que andem pelas ruas dos bairros todos os dias, apertando a mão das pessoas, abraçando-as, pegando criancinhas nos braços, catequisando eleitores como se estivesse em período eleitoral.
Eivada ou não de interferência por parte dos asseclas dos dois principais líderes políticos da Serra, que pode contaminar os resultados, a pesquisa já mexeu com os ânimos e com o cenário político eleitoral. O prefeito Audifax está como se fosse um equilibrista em uma corda, tentando atravessar uma longa reta em cima de uma bicicleta de uma roda só.
Poucas vezes a capacidade política e administrativa de Audifax esteve tão à prova.