Eci Scardini
O prefeito Audifax Barcelos (Rede) retornou para o hospital na quarta-feira para um procedimento cirúrgico, que é voltar com o intestino grosso para o seu local e assim restabelecer por completo sua saúde. A previsão, segundo sua assessoria, é a que, entre a internação e recuperação, o prefeito precise de sete a dez dias de afastamento.
Esse curto período em que o prefeito estará ‘fora do ar’ não o impedirá de acompanhar o desenrolar da escolha da futura Mesa Diretora da Câmara. Ele estará em plena faculdade mental, só vai estar limitado na sua mobilidade, não vai poder ficar andando e se movimentando com tanta frequência. Portanto, poderá estar tratando do assunto normalmente.
Entretanto o tempo tem conspirado contra o prefeito e seu grupo de vereadores, uma vez que 12 dos futuros vereadores se fecharam de tal forma que nenhum dos potenciais candidatos a presidente da Câmara apoiados pelo prefeito têm conseguido furar o bloqueio para puxar um dos 12 e inverter a vantagem.
Mas por que o prefeito Audifax e o conjunto de vereadores que o apoiam têm encontrado tanta resistência em furar esse bloqueio e eleger a Mesa Diretora? Primeiro, o comportamento do próprio Audifax em relação à Câmara. É notória a pouca habilidade do prefeito para ‘seduzir’ seus oponentes. E segundo, as feridas ainda muito expostas da briga com o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT).
O grau de confiança dos 12 futuros vereadores (quatro reeleitos e oito eleitos pela primeira vez) no prefeito e nos cinco vereadores reeleitos pelo lado da situação é muito baixo. As feridas causadas pelas várias tentativas de anular a eleição da atual Mesa estão abertas, tem muita dor, muito ressentimento. As várias tentativas de ‘puxar o tapete’ de Neidia atingiram também outros três reeleitos: Nacib Hadad (PDT), Basílio (Pros) e Aécio Leite (PT), que fazem parte da atual Mesa Diretora da Câmara.
Quem será a alma penada?
Praticamente todos os oitos vereadores que compõem o grupo dos 12 acompanharam a exaustiva batalha empreendida pela atual Mesa para manter o resultado de uma eleição ganha na raça e com toda lisura. Adilson (PSL), Quélcia (PSC), Geraldinho PC (PDT), Pastor Ailton (PSC), Welington Alemão (DEM), Cleusa Paixão (PMN) e Fábio Duarte (PDT) acompanharam tudo de perto e viram as tentativas de massacrar os componentes da Mesa. Somente Raposão (PSDB) é que se mantinha mais distante, mas também via o que estava acontecendo.
Tudo acontecia com a complacência do prefeito Audifax. Os quatro reeleitos, como também Aldair Xavier (PDT) e Boy do INSS (PDT), que não foram reeleitos, reclamam que em nenhum momento Audifax atuou como um verdadeiro líder para apaziguar a Câmara. Encarregou essa tarefa ao seu líder na casa, o vereador Luiz Carlos Moreira (PMDB), que não teve sucesso.
Os vereadores reclamam também do comportamento do prefeito, que longe dos holofotes da imprensa os critica e até os provoca. Mas que diante dos jornalistas, sobretudo das redes Tribuna e Gazeta, se faz de vítima, pregando a paz e a união.
Faltam 14 dias para Audifax e os 11 futuros vereadores reverterem um quadro desfavorável e vencerem a batalha pelo comando da Câmara.
Toda a Serra acompanha diariamente essa ‘novela’. Não tem ninguém bobo para achar que alguém vai sair do grupo dos 12 por questões éticas, orgânicas ou gratidão. Qualquer um que pular do galho não vai mais ter a confiança de nenhum dos dois lados; vai vagar pelos corredores da Câmara como uma alma penada, sem ser notado, admirado ou respeitado, até terminar os quatro anos e voltar para casa desolado.