Por Bruno Lyra / Fabrício Ribeiro
Engenheiro metalurgista com experiência em gestão e governança no setor privado, Erly Vieira assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Serra (Sedec) há pouco mais de 15 dias. Nesta entrevista ele conta quais os planos para a economia da cidade encarar a crise e novas fronteiras para o crescimento econômico da Serra.
Já foi anunciado o polo de tecnologia na região do Contorno. O que há de novidade?
A proposta é congregar 20 empresas de software e hardware, que estavam buscando financiamento junto ao Bandes, que ainda não saiu. O Polo não foi formalizado ainda, mas ficará na área comercial do loteamento Alphaville, entre um posto de gasolina e o Canal dos Escravos. Há um sindicato das empresas de informática no ES. São as empresa associadas a esta entidade que se propuseram a ir para o polo.
Quais são os benefícios que o município tem para trazer essas empresas e outras para a Serra?
Existe um programa chamado Desenvolve Mais Serra. A lei que o criou já foi aprovada. Falta agora a regulamentação, onde serão detalhados os incentivos. Esse regulamento está sendo feito pela Sedec e deve ficar pronto em 60 dias. Prevê redução de 20% a 100% no ITBI e IPTU. E de 10% a 50% do ISS. O benefício é para empresas que querem vir e para as que já estão aqui. Pode durar cinco anos, prorrogáveis por mais cinco. A regra também reduz 10% a 50% no valor de taxas e autorizações municipais para as empresas contempladas.
Que tipo de atividades a cidade pretende trazer com os incentivos?
O enquadramento das atividades será feito pela Sedec. Queremos diversificar o parque industrial com calçados, confecções, móveis, indústria de elevadores, locadora de veículo, tecnologia da informação. Trazer novos condomínios empresariais, comércio atacadista, além de atrair novos empreendimentos de atividades já consolidadas aqui.
O senhor pode adiantar os critérios que devem ser utilizados para a concessão desses incentivos?
O tipo de atividade, número de empregos gerados, nível de faturamento, valor investido e faturamento. Quanto maior esses números, mais generoso o incentivo. Tem ainda o critério da localização, onde o benefício será maior às que forem para novas zonas de valorização.
Como está a expansão e ofertas de áreas nos polos empresariais e industriais da Serra?
Tem o Civit I e II com algumas coisas ainda sendo negociadas, além do Cercado da Pedra, que ainda falta a Licença de Operação. Tem o Tims. O Polo Piracema já foi comercializado 25%. Há o Serra Norte, que está meio travado. Diferente do Serra Log, que já está recebendo vários empreendimentos.
Como está andamento do Polo Jacuhy, que assim como o Piracema, está numa área ambientalmente sensível?
O Jacuhy é uma área de 2 milhões de m2 no terreno da família Larica. Está com problema de aprovação, embora já existam serrarias ali. Mas o Contorno do Mestre Álvaro e a ferrovia que ligará o Rio de Janeiro à Grande Vitória abrem perspectiva de um grande projeto urbanístico ali. Os Larica tem um área na região com 48 milhões de m2, dá cerca de 15% de todo o município.
Que plano é esse?
Há o plano master de transformar essa área, inicialmente 8 milhões de km2, de uma nova frente urbana tirando alguns órgãos e centros administrativos de Vitória e levar para lá, projeto que está sendo feito pelo mesmo pessoal que está fazendo o do Porto Central de Presidente Kenedy. O Jacuhy também poderá abrigar uma pera ferroviária para atender a nova ferrovia que virá ligará ao Rio de Janeiro.
Qual a tendência de ocupação nas áreas vazias da ligação entre Serra-Sede e Jacaraípe e no Contorno de Jacaraípe?
Nos dois casos não são zonas industriais por estarem mais perto do mar. A ocupação será mais com comércio, serviço, área residencial, turismo.
Mas existe o desejo antigo da cidade por um aeroporto internacional de cargas no Contorno de Jacaraípe…
Esse é um problema. O de Vitória não sai e agora não foi dada a concessão privada, é o governo mesmo que vai construir. Aí já viu, né? Então quando se fala de outros aeroportos é um negócio muito longe, mas é preciso brigar, tem que fazer valer o papel de um município que tem a maior população, o 2º PIB do Estado – 15 bilhões – e o principal parque industrial.
O comércio em Laranjeiras vem perdendo força. Um dos indicadores é que há muita loja para alugar. O que está acontecendo?
Muito disso é temporário. Uma reação de curto prazo por conta da crise econômica. Mas os shoppings e comércio em outros bairros também concorrem para esse esvaziamento. Laranjeiras não será mais o que foi.
A prefeitura está elaborando o Plano de Desenvolvimento da Serra. Para que vai servir?
Vai ser publicado no dia 16 de julho e está sendo feito pelas empresas Futura e Invista . É um levantamento sócio econômico da Serra que além de diagnosticar aponta oportunidades para se investir aqui. Do Plano foram extraídas as tabelas de incentivo do Programa Desenvolve Mais Serra, com descontos tributários e redução de taxas para empreendedores.
O que tem de projeções e projetos estratégicos no Plano?
A construção de um porto na Praia de Carapebus e implantação de retroárea de 130 mil m2, oportunidades na rede de exploração de petróleo, hotéis, aeroporto de cargas, análise do que vai trazer o Contorno do Mestre Álvaro
O boom imobiliário entrou em queda. Haverá novo ciclo de crescimento no setor na Serra?
Acho que não um boom na maneira que foi. Mas vai ter um crescimento da população, hoje crescemos de 3% a 5% ao ano, que deve absorver o estoque de lançamentos.
O cabo de guerra continuado entre o prefeito Audifax e o ex, Sérgio Vidigal, pode gerar um ambiente de desconfiança para o investidor na cidade?
São duas lideranças fortes. O povo conhece de perto, são dois que moram aqui, trabalham aqui. O povo é que vai julgar. Não acho que prejudica investimentos, até porque a Prefeitura tem uma boa gestão. Por ser mais técnico do que político, o prefeito Audifax não é muito da demagogia. E não vejo esse cabo de guerra tão exagerado.
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