Nesta segunda-feira (15) o Serra Podcast recebeu Luiz Fernando Muller, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos do Espírito Santo (AMAPES). De acordo com ele, a categoria conta com 19 mil pessoas, das quais estimam-se que entre 4 a 5 mil são residentes na Serra.
O podcast foi divido em duas partes, nesta primeira o foco esteve em assuntos da perspectiva dos motoristas, como a violência por eles sofrida, a rotina de exaustão, baixa remuneração e falta de cobertura e auxílio das operadoras; já a segunda parte trará questionamentos recorrentes dos usuários.
De acordo com Luiz Fernando, de janeiro a junho desse ano, foram contabilizados 210 assaltos a motoristas de app, um crescimento de 10% em relação ao mesmo período do ano passado.
Porém, ele alerta que é um índice subdimensionado, já que grande parte das vítimas não fazem boletim de ocorrência. Em levantamento interno da AMAPES, a instituição acredita que em média, ocorrem de 4 a 5 assaltos diariamente envolvendo a categoria.
Outro dado repassado por ele – levantado pela AMAPES – é que 74% dos crimes ocorrem por meio de passageiros com perfis falsos. Ele cobrou das operadoras como Uber e 99Pop, uma triagem de quem pode ter acesso aos serviços das plataformas. “Existe um pente fino para ser motorista, nossa vida é vasculhada; mas na contra mão disso, qualquer um pode ir lá fazer um perfil falso e se cadastrar nos aplicativos. Não existe controle; e nós vamos ficar carregando bandido?”, questionou.
Ele citou um caso ocorrido recentemente no ES em que um motorista de app teve seu carro alvejado com 50 tiros; o alvo dos criminosos era o passageiro, que tinha passagem na polícia e estava foragido. O motorista, que não tinha nada a ver com o caso, acabou baleado no ombro.
Luiz Fernando ainda cobrou regulamentação das prefeituras capixabas; ele deu informações surpreendentes, de que apenas Vitória tem regulamentação e por isso, somente ela arrecada impostos advindos da atividade. Em 2019, Luiz Fernando disse que a capital arrecadou R$ 2 milhões com as corridas por app, isso porque 1% do valor vai para a prefeitura.
Se um motorista buscar um passageiro em Vitória e deixa na Serra, a capital arrecada 1% do valor da corrida. Entretanto, se for ao contrário, Prefeitura da Serra não tem nenhum participação tributária incidente sobre o serviço prestado.
Luiz Fernando alertou também para a falta de cobertura das operadoras, que não dão suporte para motoristas, especialmente a médio prazo, quando muitas vezes ficam impossibilitados de dirigir e acabam tendo sua renda zerada, sem nenhum tipo de seguridade.
Além disso, apontou a defasagem do repasse feito aos motoristas. Segundo ele, há “2 ou 3 anos, um motorista de app precisaria de 8 ou 9 horas de serviço para render”, hoje em dia, para conseguir equiparar são “necessários de 13 a 14 horas de trabalho”.
Ele ainda deu ênfase para a saúde mental dos motoristas, que muitas vezes enfrentam jornadas exaustivas, stress e ansiedade; podendo gerando ainda mais situações de risco tanto para os próprios motoristas, quanto para passageiros.