Yuri Scardini
Semana agitada na política capixaba. O governador Paulo Hartung (MDB) protagonizou uma verdadeira volta dos que não foram, e deixou o cenário capixaba atônito. Passada a cambulhada, o que fica é (novamente) um grande favoritismo ao ex-governador Renato Casagrande (PSB).
Este arranjo pró-Casagrande parece ter beneficiado muitas lideranças políticas da Serra. Talvez o maior apaniguado tenha sido Sérgio Vidigal (PDT), que engoliu os sapos passados com Casagrande e sem titubear, se alinhou ao PSB. E ao mesmo tempo, manteve suas raízes bem semeadas com Hartung e seu grupo político, já que em tese, Vidigal ‘foi obrigado’ a compor com Casagrande sob discurso de ‘determinações partidárias’. E agora é o cotado para ser interlocutor entre Paulo e Renato durante essa transição política que se avizinha.
Já para a Rede do prefeito Audifax Barcelos, também ficou bom. Não é prioridade para o partido discutir questões ligadas à eleição de governador. A Rede precisa se viabilizar enquanto partido e eleger deputados federais. Sob essa perspectiva, a Rede que vinha isolada no palanque de Rose de Freitas (Podemos), ganhou um leque de partidos órfãos do grupo de Hartung para coligar. Além disso, a princípio, Rose garante uma vaga de senado para a candidatura do delegado redista, Fabiano Contarato, porta da qual Audifax pretende sustentar o palanque de Marina Silva no ES.
Outro beneficiado é o deputado Bruno Lamas (PSB), que está com um sorriso de canto a canto da boca. Situação diferente de Vandinho Leite (PSDB) que teve que engolir um alinhamento com o PSB. Mas que ao mesmo tempo, Casagrande não se pode dar o luxo de desmerecê-lo, já que é cotado para ser um dos candidatos a estadual mais bem votado no ES, e uma liderança muito expressiva do PSDB.
Bem também ficou o deputado Jamir Malini (PP), que permanece como vice-líder do governo e alguém de confiança de Hartung, mas seu partido se alinhou à Casagrande. Malini é reconhecido pela sua natureza conciliadora e dá mais uma prova da sua capacidade de se manter em pé sob a areia movediça. Já Givaldo Vieira com o PCdoB, orbita no palanque de Rose e Renato e pode coligar com a Rede.
Os principais líderes políticos da Serra parecem ter se acomodado nos arranjos partidários e tem tudo para atingir seu objetivo em 2018. Mas por outro lado, seguem como figuras secundárias na política capixaba e continuam olhando apenas a Prefeitura da Serra, ao invés de levantar a cabeça.