Nesta última quarta-feira (04), o governador Renato Casagrande atualizou as informações sobre o bilionário Acordo de Mariana, firmado entre o estado do Espírito Santo e as mineradoras Vale e BHP, oriundo das indenizações e reparações pelo rompimento da barragem na cidade de Mariana/MG, em 2015. A expectativa é de que o acordo seja finalizado até o final deste ano, e que algo em torno de R$ 100 bilhões seja destinado ao Espírito Santo ao longo dos próximos 12 anos.
Segundo Casagrande, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva está engajado no fechamento do acordo. O governador também defende que sejam incluídas no pacote as duplicações de trechos da BR-262, que liga o Espírito Santo a Minas Gerais, como forma de fomentar a economia e remediar as perdas financeiras que afetaram os cofres públicos durante a paralisação das operações da Vale.
Ainda não se sabe qual será o montante destinado à cidade da Serra, uma vez que as informações ainda não estão totalmente acordadas. No entanto, em uma decisão judicial recente, o balneário de Nova Almeida foi incluído entre as regiões afetadas pela lama da barragem, que chegou ao Espírito Santo por meio do Rio Doce, desembocando na foz em Regência, Linhares, e poluindo uma vasta área litorânea do estado. Embora apenas Nova Almeida tenha sido reconhecida oficialmente como parte atingida, é importante lembrar que os impactos ambientais na Serra foram muito além, especialmente em Jacaraípe. Conforme várias reportagens do jornal Tempo Novo na época, a lama chegou até o Rio Jacaraípe e avançou para dentro das lagoas Juara e Jacuném, por exemplo.
Com seus 23 km de litoral e relativamente próxima ao ponto de espalhamento dos rejeitos, a Serra está entre as cidades mais afetadas economicamente e ambientalmente. Os efeitos só não foram devastadores porque a economia da Serra não é tão dependente da pesca ou do turismo. Mesmo assim, o rompimento da barragem de rejeitos em 2015 “fechou o caixão” de uma atividade pesqueira que já vinha sendo desmantelada há tempos na cidade. A pesca, uma atividade secular presente na cultura e na economia da Serra desde os primeiros núcleos de colonização, foi ainda mais degradada, agravando um litoral e lagoas já fragilizados pelo crescimento urbano descontrolado que se deu na Serra desde 1960.
Agora resta aguardar para ver o que será destinado à Serra. Levando em conta o vultuoso montante envolvido, qualquer parcela desse valor já representará uma fatia significativa no orçamento da cidade. De qualquer forma, foi um gol de placa de Casagrande, que está avançando nesse tema, com o apoio de uma grande operação que envolve a União, os governos de Minas Gerais e Espírito Santo, o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), a Defensoria Pública da União (DPU), a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) e a Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES).