Os problemas com água fornecida pela Cesan nos bairro do entorno da Serra sede continuam, após reportagens sobre a situação na última semana. Segundo moradores da região, muitas residências seguem recebendo o líquido com gosto de sal (água salobra) e odor de produto químico. Assim como surgem mais relatos de problemas de saúde em consumidores que beberam a água, mesmo após filtragem.
Morador da divisa entre Campinho da Serra e Planalto Serrano, Welington Nanau, foi um dos que denunciaram a situação. “Tinha dado uma melhorada após eu formalizar reclamação junto à Agência Nacional das Águas (ANA) e depois das reportagens que foram publicadas. Mas voltou a piorar no final de semana. Tem pessoas que em Planalto Serrano e Campinho da Serra que passaram mal com dor na barriga, vômito e diarréia”, relata.
Welinton falou ainda que acionou o Procon e que este teria prometido marcar audiência de conciliação entre os consumidores e a Cesan. O morador adiantou ainda que também ter acionado, desde a semana, p serviço Vigiágua da Prefeitura da Serra – responsável por fiscalizar a qualidade do líquido fornecido pela concessionária ao consumidor da cidade – além de ter formalizado reclamação na própria Cesan.
Na última quinta feira, através da assessoria de imprensa, o Vigiágua da Prefeitura havia informado que foram coletadas amostras do líquido nas casas de moradores. E que o município havia notificado a Cesan. Mas até o momento da publicação desta matéria, por volta das 12h e 10, não havia informado se as análises ficaram prontas.
Já a Cesan não respondeu os questionamentos
Reis Magos, seca e avanço do mar
A água que abastece a região vem do rio Reis Magos, manancial de pequeno porte que existe na divisa entre Serra e Fundão. O sistema foi inaugurado no final de 2017, custou R$ 70 milhões e inclui uma Estação de Tratamento de Água (ETA) em Putiri, localidade rural do município de onde o líquido é retirado.
O sistema estava previsto pelo Estado para ser implantado somente em 2020, mas o então governador Paulo Hartung decidiu antecipar a construção porque o outro sistema que abastece a cidade, o Santa Maria, deu sinais de colapso por falta d’água.
As reclamações dos consumidores da Serra Sede agora atendidos pelo Reis Magos coincidem com a situação de estiagem que afeta as cabeceiras deste manancial que, por esta razão, está com vazão muito baixa. Cenário semelhante ao da superseca entre 2014 e 2016, que fez o mar avançar pela foz do rio em Nova Almeida mais de 10 km rio acima.
Em 1º de julho de 2016 Tempo Novo publicou reportagem com o então presidente da Associação de Produtores Rurais da Serra e proprietário de terra em Putiri, Joel Falqueto, alertando que o ponto aonde a Cesan pretendia fazer a captação (na época a obra ainda não havia sido executada) tinha risco de salinização.
Ainda não se sabe se os casos recentes de água salobra da Cesan na Sede tem relação com o fato alertado por Falquetto em 2016.