A água tratada que a Cesan distribui para os moradores da Serra está com excesso de cloro e põe a saúde da população em risco. É o que aponta levantamento feito em 2020 pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesa) e que foi confirmado pela Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) em nota técnica enviada à Sesa na última quarta-feira (17).
A nota da Agerh diz que os compostos trihalometanos e ácidos haloacéticos, resultantes da adição do cloro na água durante o tratamento da água captada nos rios pela Cesan, estão com valores acima do permitido pela legislação ferindo padrões de potabilidade.
Segundo o documento da Agerh, o problema foi detectado no líquido distribuído pelas duas Estações de Tratamento de Água (ETA) do rio Santa Maria (ETA Carapina e ETA Santa Maria) e pela ETA do rio Reis Magos, localizada em Putiri na zona rural. E além da Serra, o problema também afeta parte dos moradores de Vitória e Cariacica, já que as águas das ETA´s Carapina e Santa Maria vão para bairros das duas cidades.
A nota alerta ainda que a situação representa diversos riscos à saúde de quem consome essas águas, recomendando máxima atenção para o tema. Pede ainda mais monitoramento não só das ETA´s localizadas na Serra, como as que ficam em outros municípios. E pede melhorias no serviço de tratamento de água executado pela Cesan.
Município e comitê de bacia reagem
O Secretário Municipal de Meio Ambiente da Serra, Cláudio Denícoli, disse que a situação é um “disparate”. Afirmou que pedirá esclarecimentos da Agência Reguladora de Serviços Públicos do ES (ARSP) e ainda prometeu levar o caso ao Ministério Público.
Presidente do Comitê de Bacia do Rio Santa Maria, Gílson Mesquita, disse que irá convocar reunião extraordinária para cobrar explicações da Cesan e também da Agerh. “As reclamações dos consumidores sobre a qualidade da água oferecida pela Cesan vêm se acumulando. E não tem havido transparência na divulgação dos dados referentes a qualidade da água em 2019 e 2020 encaminhados à ANA (Agência Nacional das Águas) em face de equívocos cometidos pela gestão pública. A comunidade da Serra está sendo penalizada e os órgãos fiscalizadores, Agerh e Arsp, têm falhado nisso”, afirma.
Gílson, que também é morador da Serra e membro do Conselho Estadual de Saúde do Estado e integrante do Conselho de Meio Ambiente do município, falou que irá pedir a participação da Prefeitura na reunião pelo fato do poder público municipal ser responsável pela concessão do serviço de saneamento no território da cidade. “Vamos mover uma ação civil pública contra a Cesan por dano à saúde dentro das tutelas coletivas que ela vem prejudicando, não só na Serra mas no Estado todo”, prometeu.
A empresa
A reportagem não conseguiu falar nos telefones da assessoria de imprensa da Cesan no início da noite desta sexta-feira (19). Mas solicitou por e-mail um posicionamento da empresa, que até o momento desta publicação não havia respondido.