A mortandade de peixes, siris e camarões na lagoa Juara há duas semanas, virou mais uma munição da guerra entre Sérgio Vidigal (PDT) e Audifax Barcelos (Rede), que disputarão um inédito segundo turno da eleição para prefeito no próximo dia 30 de outubro.
Aliados dos dois líderes bateram boca na sessão de ontem da Câmara Municipal. Cada grupo acusando o líder rival de ser o responsável pelo desastre que se abateu sobre a maior lagoa da Serra, o 2º em quatro meses. Se falou até em CPI para investigar as causas das frequentes mortandades.
O fato é que tanto Audifax quanto Vidigal, em seus respectivos mandatos como prefeito, fizeram obras que alteraram o fluxo
do rio Jacaraípe, que liga a lagoa ao mar. Na sua última gestão (2009 a 2012), Vidigal autorizou a modificação do píer da Praça Encontro das Águas, onde o rio Jacaraípe deságua, estendendo o enrocamento de pedra cerca de 100 metros mar adentro e virando a foz do rio para a direção nordeste.
Esta obra favoreceu a colônia local de pescadores, que tinham problemas em sair com os barcos para o mar na condição antiga do píer, que era menor e tinha a abertura voltada para o sul.
Já o atual prefeito Audifax, logo após a enchente de 2013, resolveu alargar a aprofundar o canal do rio nos seus cerca de 10 km de extensão. Isso para reduzir o impacto de alagamentos na região. Mas a dragagem teve o efeito colateral de facilitar a entrada de água salgada na lagoa.
Da tropa de choque de Vidigal, o vereador Nacib Haddad (PDT) criticou a dragagem do rio feita pela gestão do atual prefeito. “Aquele crime ambiental foi debatido na Câmara muitas vezes, e o prefeito Audifax nada fez. Agora vários pescadores estão sem seu ganha pão e uma mortandade absurda de peixes. Foi um crime previsto e por isso acho que devemos abrir uma CPI para investigar essa obra”, explica.
Soldado de primeira hora do batalhão de Audifax, o vereador Guto Lorenzoni (PP), rebateu. “Crime foi a obra do píer na saída do rio Jacaraípe, feita na gestão de Sérgio Vidigal, mudando o curso da maré com o rio. Além de não fazer estudos de impacto, essa obra criou dificuldades para que a maré entre no rio e retorne ao mar causando assim a mortandade dos peixes”, acusa.
Guto completou dizendo que se for aberta a CPI, “o verdadeiro culpado é o ex-prefeito”. Além das polêmicas envolvendo píer e dragagem do rio Jacaraípe, a Juara também sofre os efeitos da pior seca já registrada no ES. E segue recebendo forte carga de esgoto, tratado ou não.
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