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Alunos não querem volta às aulas na Serra por medo do coronavírus nas escolas

Os estudantes disseram à reportagem que temem a volta às aulas. Foto: Everton Nunes

Com uma queda na velocidade da transmissão da Covid-19 em terras capixabas, o Governo do Estado afirmou que as aulas presenciais em escolas públicas da Serra e de outras cidades do Espírito Santo podem ser retomadas em setembro. O anúncio trouxe temor para os alunos, que não se sentem seguros e acham arriscado a volta às aulas neste momento. O TEMPO NOVO conversou com os estudantes, que ainda relataram medo de contaminação dentro das salas de aulas e mortes de familiares por conta disso. 

De acordo com eles, vai ser muito complicado manter o distanciamento em salas de aulas tão pequenas e com pouca ventilação, além de sempre estarem com quase 40 alunos. Alguns ainda demonstraram preocupação com os demais profissionais que trabalham nas unidades de ensino, como professores, faxineiros, merendeiras e outros. Para Luisa Lopes, moradora e estudantes da Serra, a possível volta às aulas em setembro é uma decisão precipitada.

“Eu considero uma medida precipitada e que coloca em risco a vida de muitas pessoas, uma vez que o número de casos de Covid-19 é altíssimo. Além disso, boa parte dos estudantes têm ou convivem com pessoas do grupo de risco e mesmo com todo preparo das escola, as turmas são muito numerosas, o que dificultaria o distanciamento de dois metros, sem contar a quantidade de alunos que dependem do transporte público, onde há o contato com um alto número de pessoas. Então eu tenho receio de voltar as aulas sem que haja um controle maior do vírus”, destacou a estudante.

+ Professores da Serra não concordam com volta às aulas e temem contaminação por Covid-19 nas escolas

Naiara Fontes dos Santos, também residente e aluna da cidade, afirma que tem receio de voltar para as escolas. “Muita gente acha que é brincadeira e não se cuidam. Eu conheço pessoas que quase morreram por causa do coronavírus. Então, o relato dela me deixa com um receio muito grande. Sinto muita falta da escola, a gente quer muito voltar pois temos essa necessidade, só que temos que se cuidar, mas o problema é: eu me cuido, mas o outro não e aí vem a contaminação.”

Naiara ainda afirma que rodízio de alunos não irá funcionar. “Acho que não vai dar certo colocar 25 alunos hoje e o 25 amanhã. Fora que temos que ter cuidado com os professores, diretores e outros funcionários, que até podem fazer parte do grupo de risco. Não é brincadeira. Eu tenho um objetivo de vida, quero me formar, mas para isso preciso está viva. É arriscado demais pois não é só uma gripezinha, como o presidente falou”, disse a aluna.

Para Ariane Souza, os números de alunos e professores infectados serão altos. “A sala de aula é um ambiente fechado e as escolas possuem uma péssima estrutura. Dessa forma, muitos alunos no mesmo espaço vai acabar causando muitas contaminações. O ano letivo já acabou, mas minha vida ainda não. Por isso, esse ano não retorno”, afirmou.

Declaração de Casagrande sobre possível retorno de aulas presenciais

Renato Casagrande afirmou que aulas poderão ser retomadas em setembro. Foto: Ales

“Temos muita vontade de voltar com as aulas presenciais, mas ainda estamos em dúvida. Temos algumas regiões do Estado, como o litoral Sul, por exemplo, em que temos uma transmissão acima de 1. Não é só o índice de transmissão que estamos atentos. Ainda temos uma letalidade alta, ainda temos número de pessoas que perdem a vida muito alto. Ainda estamos no dia 6, precisamos avançar um pouco mais para tomar medidas. Estamos na expectativa de que em setembro a gente possa voltar, mas ainda não posso bater o martelo”, destacou o governador Renato Casagrande na coletiva dada no início deste mês.

Casagrande ainda explicou sobre a queda na velocidade da transmissão. “Nós estamos em queda. Vamos continuar identificando muitos casos de pessoas com coronavírus no Estado até chegarmos ao número total. Os municípios estão testando mais, nós estamos crescendo o número de pessoas identificadas com a Covid-19. É importante a gente avaliar que a velocidade de transmissão está caindo e avaliar o número de óbitos, que também está caindo. Isso é uma vitória de uma batalha, temos muito pela frente ainda”, afirmou.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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