Hoje é Dia Internacional das Águas (22). Na esteira da data criada para lembrar da importância de se cuidar do líquido, a ONG Juntos SOS ES Ambiental cobra das autoridades providências sobre o excesso de substâncias potencialmente cancerígenas na água da Cesan na Serra, Vitória, Cariacica e Fundão.
Trata-se dos compostos trihalometanos e ácidos haloacéticos, resultado da adição de cloro na água. Análises periódicas obrigatórias feitas pela própria Cesan e enviadas ao programa Vigiágua da Secretaria Municipal de Saúde da Serra (Sesa), apontaram a presença dos dois compostos em índices acima do limite legal em 36 das 60 amostras coletadas mensalmente entre dezembro de 2016 e dezembro de 2020.
Em fevereiro a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), a pedido da Sesa, emitiu nota técnica confirmando a contaminação. No documento a Agerh solicita a Cesan a correção do problema e alerta sobre os perigos à saúde da população, inclusive risco de câncer.
Na sequência a Agência de Serviços Públicos do Espírito Santo (Arsp) – responsável por fiscalizar concessionárias – multou a Cesan em R$ 44 mil. Este valor inclui também problemas de transparência da água (excesso de turbidez) apontados nas amostras dos últimos cinco anos. Por enquanto não há dados divulgados sobre a qualidade da água em 2021.
Em declaração ao Tempo Novo na manhã desta segunda-feira (22), o diretor da Juntos, Eraylton Moreschi, disse que a entidade requereu informações à Arsp, à Agerh e à Seama/Iema (Secretaria de Estado do Meio Ambiente/Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) sobre a qualidade das águas fornecidas e as providências que estão sendo adotadas para correção do problema.
O ativista disse que a ong também cobrou da Cesan e ainda acionou os gabinetes do secretário de Meio Ambiente do ES, Fabrício Machado, e do governador Renato Casagrande (PSB).
O caso foi levado ao Ministério Público do ES e à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa pela própria ONG, acrescenta Moreschi. “No próximo dia 06 de abril faremos uma apresentação do tema em reunião extraordinária da Comissão de Saúde na Assembleia Legislativa”, afirma.
O caso do excesso de substâncias derivadas do cloro na água da Cesan nos últimos cinco anos veio a público em fevereiro. O problema aconteceu nas seguintes Estações de Tratamento de Água: Carapina (que atende Serra, zona norte de Vitória e Praia Grande Fundão); Santa Maria (fornece para bairros de Cariacica na região da rodovia do Contorno) e Reis Magos (abastece da Serra – Sede ao Civit I).
A princípio, após a denúncia ganhar repercussão, a empresa negou que tenha mandado água com excesso de cloro para os consumidores serranos e das cidades vizinhas. A reportagem mandou novamente questionamentos à Cesan nesta segunda-feira(22). Caso se posicione, será publicado nesse espaço.
As demais instituições e as lideranças citadas pelo ambientalista, caso queiram se manifestar, poderão ter seu ponto de vista publicado nas atualizações desta matéria.