Em 2019 não haverá eleição, mas isso não significa que a política está menos agitada. As movimentações seguem aceleradas pelos bastidores, com aglutinação de aliados, balões de ensaio, eleições partidárias, filiações e tratativas pré-eleitorais para formação de chapas de vereadores. E, no meio disso, os postulantes ainda têm que mostrar serviço para se viabilizar com o eleitor.
A Serra tem sido muito visada no que tange à eleição para prefeito, e por uma razão muito simples – e não é somente pelo orçamento bilionário (estimado em R$ 1,7 bilhão em 2019): após 12 anos, o atual prefeito Audifax Barcelos (Rede) e o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT) não irão se enfrentar diretamente nas urnas. Fato que deixa a eleição municipal bastante “sedutora” para a classe política.
Ambos, porém, são figuras centrais no contexto eleitoral. Invariavelmente, Audifax estará na eleição, seja apoiando explicitamente um candidato ou dando suporte pelos bastidores.
Entretanto, a quase um ano do pleito, ainda não está claro quem seria este nome. As apostas recaíam sobre o coronel Nylton Rodrigues, que figurava no secretariado de Audifax, mas essa possibilidade se reduziu bastante na semana passada após o militar pedir exoneração do cargo. De qualquer forma, ainda não se descarta totalmente que Nylton esteja na disputa; vale lembrar, ao TEMPO NOVO da semana passada, o coronel deu a senha: “se a eleição fosse hoje eu não seria candidato”. Como a eleição de fato não é hoje, então, assume-se que Nylton pode sim ser candidato.
Outra incógnita é Vidigal. Apesar de ter se desidratado politicamente, o ex-prefeito é um força com muita expressão nas urnas. Ocorre que Vidigal enfrenta processos judiciais que podem deixá-lo inelegível até 2020. Para citar, Vidigal foi condenado em 1ª instância pelo crime de nepotismo na época em que foi prefeito e, agora, depende de uma decisão favorável dos desembargadores para não ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Outro engasgo é a possibilidade do Tribunal de Contas encaminhar à Câmara da Serra a recomendação pela rejeição das contas dele referentes a 2012. Caso ocorra, o ex-prefeito vai precisar que 2/3 dos vereadores votem contra a recomendação do TC-ES
Apesar desses imbróglios, nos bastidores, comenta-se que Vidigal tem se animado com a eleição. Ele tem transitado com frequência entre lideranças comunitárias e intensificou muito sua atividade parlamentar este ano. Além disso, tem subido o tom contra a Reforma da Previdência de Bolsonaro, mas ao mesmo tempo encheu o município de outdoors posando ao lado do ministro de Infraestrutura com a ordem de serviço do Contorno do Mestre Álvaro em mãos. Hoje, entende-se que Vidigal é candidato.
Outro figurão neste jogo é o deputado Amaro Neto (PRB). Ao TEMPO NOVO ele já expressou a possibilidade de ser candidato a prefeito da Serra. Amaro tem histórico de grandes votações no município. No início do ano, ele abriu um escritório em Laranjeiras e se aproximou muito de lideranças locais, como Audifax e o deputado estadual Alexandre Xambinho (Rede). Este, aliás, deve se filiar ao partido de Amaro e prepará-lo para eleição na Serra.
Quem surge bem posicionado em pesquisas eleitorais de consumo interno de partidos, às quais o TEMPO NOVO teve acesso, é o deputado Vandinho Leite (PSDB). Discreto ao tratar do tema, Vandinho prefere não antecipar. Entretanto, em uma das raras declarações sobre o tema, ele disse ao jornal que o PSDB (do qual é presidente estadual) deve lançar 40 candidatos para prefeituras capixabas e que a Serra estaria nesse contexto.
O que pode jogar a favor de Vandinho é o seu mandato de deputado estadual, que tem tido muito apelo popular, especialmente pela campanha contra os “abusos na conta de luz pela Edp”, que tem encurralado a empresa campeã de reclamações no ES e dado forte recall a Vandinho.
Outros que estão na corrida é Xambinho, já citado, e o secretário de Estado Bruno Lamas (PSB). Xambinho tem se movimentado muito intensamente nos bastidores e tem se saído muito bem nos arranjos políticos; se aproximou do grupão de Amaro Neto e do presidente da Assembleia, Erick Musso (PRB), o que pode dar sustentação a uma possível candidatura. No entanto, ainda carece de mais popularidade e mais presença nas ruas e nas redes sociais.
Já Bruno é cotadíssimo. Tem apoio de muitas lideranças locais; mas, politicamente, está isolado. Há dúvidas sobre o apoio do governador Renato Casagrande. Recentemente, uma fonte em off vazou uma reunião entre Casagrande e Amaro, em que o governador teria “oferecido” apoio em uma futura candidatura na Serra com o objetivo de desobstruir a eleição em Vitória e atender aos aliados do PPS.
Bruno se mudou da Assembleia para a Setades, e ainda suscitam dúvidas no metiér político se esta foi uma decisão acertada. Preso em agendas internas e reuniões enfadonhas, Bruno tem perdido a pegada da rua. Mas o deputado licenciado deve ter algumas cartas na manga; caso contrário, não teria aceitado a oferta do governador.
Outras forças que querem estar presentes na eleição são os antagonistas PSL de Bolsonaro e PT de Lula. O secretário da Casa Civil, Carlos Manato (PSL), tem estruturado a sigla na Serra e já disse ao TEMPO NOVO que pode ser o candidato. Ele tem relação umbilical com a imagem do presidente; portanto, seu tamanho na eleição será ditada pela popularidade de Bolsonaro até lá. Já o PT, pode lançar a deputada e ex-ministra de Dilma, Iriny Lopes. São conversas recentes ainda, mas têm potencial para embaralhar o jogo.
Correm por fora outros nomes e partidos, como o penta campeão mundial de beach soccer, Goleiro Mão, que adiantou ao jornal que pode ser candidato. Ele ainda busca partido, mas é um nome que se colocou na disputa. Também tem a turma do partido Novo. O pessoal anda animado com o recente salto de filiados e promete lançar um candidato, mas ainda não definiram nomes.
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