O primeiro vem lá do Palácio Anchieta, sob as bênçãos do governador Renato Casagrande (PSB). Ele será o regente desse processo. Aqui estão inclusos o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT) e o secretário estadual Bruno Lamas (PSB). Eles terão que se entender de alguma forma; caso contrário, vão dividir Casagrande e enfraquecer o ‘time’.
Vidigal tem mais voto, mas sua rejeição é bem maior. Ele é cacique do PDT, partido grande e que vai estar presente em vários municípios. Isso dá poder de barganha para Vidigal. Até mesmo sem a mão de Casagrande, o ex-prefeito teria grande chance de sucesso em 2020. Mas o que sobraria da vida política dele em caso de nova derrota eleitoral (seria a 3ª seguida)? Ainda mais em uma eleição imprevisível como se projeta em 2020.
Do outro lado, Bruno também quer ser prefeito; mas, para isso, precisa provar que tem viabilidade eleitoral. Ao deixar a Assembleia, Bruno se tornou um auxiliar de Casagrande. É seu subordinado e vai fazer o que o chefe determinar.
A grande pergunta é: Sob qual justificativa Casagrande vai ‘tirar’ alguém como Vidigal da eleição em detrimento da incerteza eleitoral de Bruno? Bom, o secretário vai ter que encontrar uma solução para essa equação, caso queria ser o protagonista do grupo em 2020.
O segundo eixo vem da Assembleia Legislativa. Por lá, formou-se uma trinca poderosa: Amaro Neto (PRB), o coringa eleitoral; Roberto Carneiro, o articulador e habilidoso operador político; e Erick Musso, o jovem prodígio que colocou antigas raposas no bolso, incluindo Casagrande. Esse trio quer criar um novo grupo político no ES, e a Serra está nos planos.
Falar de candidatos é cedo, mas eles têm gente em fartura – uns mais viáveis que outros. O cálculo aqui é um: como ter sucesso na urna sem trincar a base de deputados e aliados. Para prefeito da Serra, o grupão da Assembleia tem Amaro Neto e os deputados Alexandre Xambinho e Vandinho Leite – que será tratado especificamente abaixo.
Nessa articulação, estão inclusos partidos como o Pros, do médico e empresário Gustavo Peixoto, e o PR, do ex-senador Magno Malta.
O terceiro eixo está tutelado pelo prefeito Audifax Barcelos (Rede). Ele ainda não deu sinais contundentes de quem será seu sucessor. Parte do meio político enxerga isso como um sinal de fragilidade, como se o prefeito estivesse acuado. No entanto, vale lembrar, que Audifax é player que joga com cartas na manga.
O histórico político do prefeito é de reviravoltas: em 2008, quando prefeito de 1º mandato, foi passado pra trás por Vidigal; em 2012, engoliu as urnas ganhando no 1º turno contra Vidigal; em 2016, na bica da eleição, acometido por uma doença, literalmente ficou entre a vida e a morte. Superou a enfermidade, conseguiu chegar até o 2º turno e virou o jogo, cravando a 2ª derrota de Vidigal; em 2018, tutelou o hoje senador Fabiano Contarato (Rede), que fez mais de 1 milhão de votos; em 2019, enfrentou um movimento estruturado de oposição na Câmara, que foi suprimido.
Audifax trabalha com dois objetivos: 1 – eleger aliados na Câmara para se blindar e manter sua influência na Serra; 2 – impedir que Vidigal volte para a Prefeitura. O nome de sua sucessão vai surgir com o afunilamento das costuras. Audifax ainda vai inaugurar muitas obras; ele tem em suas mãos uma estrutura gigantesca e tem perfil de rua. Toda semana está andando pelos bairros. Ele tem potencial de ser o maior cabo eleitoral da eleição. Basta bater o martelo sobre seu apadrinhado.
PSDB e PSL são as peças soltas com expressão no tabuleiro eleitoral
Dois personagens nesse contexto têm muito peso: Vandinho e o ex-deputado Carlos Manato. Ambos são dirigentes de partidos grandes e que vão estar na eleição de várias cidades do ES; portanto, são muito expressivos na geopolítica capixaba.
Os dois orbitam o grupão da Assembleia. No caso de Carlos Manato (PSL), ele podia ter tamanho para tocar um eixo independente, já que é a expressão capixaba do presidente Jair Bolsonaro. Mas não parece ter fôlego para isso. Estima-se que o PSL capixaba terá R$ 10 milhões dos Fundos Eleitoral e Partidário para eleições em 2020; portanto, os bolsonaristas têm um peso enorme, inclusive financeiro.
Já Vandinho projeta que o PSDB irá lançar 40 candidaturas a prefeito no ES. Isso eleva seu patamar no tabuleiro político. O deputado faz um mandato com muita visibilidade, assumindo bandeiras de muito apelo popular. Essas características dão poder de movimentação nas amarrações políticas. Entende-se que sua candidatura é inevitável, a dúvida que fica é se o grupão da Assembleia vai fechar questão em torno dele.
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