Após gastar mais de R$ 12 milhões e demolir o antigo prédio do Aristóbulo Barbosa Leão (ABL), em Parque Residencial Laranjeiras, o Governo do Estado assinou, na manhã desta segunda-feira (3), a Ordem de Serviço para a nova obra que vai durar aproximadamente 900 dias e será entregue somente em janeiro de 2023. Para a nova construção, serão investidos mais R$ 12 milhões. A obra é motivo de muitas promessas e também bastante reclamações, já que está paralisada desde 2014.
O TEMPO NOVO teve acesso a uma parte do projeto de construção do novo Aristóbulo. No documento, que foi entregue para alunos do ABL, está planejado que a nova escola contará com 20 salas de aula comuns, um laboratório de informática, um laboratório comum, biblioteca, Centro de Idiomas, sala de dança, sala de música, quadra esportiva, duas miniquadras e um auditório. O terreno da escola está localizado próximo ao Shopping Laranjeiras e ao Terminal de Laranjeiras.
Atualmente, a escola está localizada num prédio alugado, em Jardim Limoeiro. No local, estudam 1.127 alunos e trabalham 106 funcionários. No momento, assim como em outras escolas, as aulas estão paralisadas por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus. A previsão é que a partir de 2023, já no novo prédio, a escola poderá atender mais 160 estudantes. O Estado ainda não informou quando a obra será iniciada, mas isso deve acontecer ainda este ano.
De acordo com o secretário de Estado da Educação, Vitor de Ângelo, a obra terá um prazo longo, pois é complexa. “Estamos devolvendo a esperança de que sim: a obra vai ser realizada. A construção deve acontecer por 900 dias e será entregue em janeiro de 2023”, afirmou o secretário que prometeu ainda que dessa vez a construção será concluída e entregue aos moradores e alunos.
Vale destacar que a obra, que começou em 2012, foi abandonada dois anos depois: em 2014. Na ocasião, o Estado afirmou que a empresa responsável pela construção faliu e não deu continuidade ao projeto. Em 2018, o Governo do Estado afirmou que o antigo prédio da escola, que começou a ser reformado, não estava em boas condições e demoliu o imóvel. Desde então, o Estado já fez diversas promessas de retomada da construção, mas nenhuma saiu do papel.
Se somarmos o valor gasto com a reforma não concluída, com a demolição, com o aluguel pago pelo prédio em Limoeiro até 2019, e o novo investimento para a reconstrução da unidade escolar, serão no total R$ 24 milhões. Nessa conta, ainda não está o aluguel que será pago por mais três anos. Até o ano passado, eram R$ 78 mil por mês.
A “novela” do ABL é longa e já custou mais de R$ 12 milhões…
O prédio do ABL, em Laranjeiras, tem 41 anos e começou a ser reformado em 2012. O custo divulgado na época era de R$ 9 milhões e a reforma deveria ter sido entregue em julho de 2014. No entanto, as obras foram paralisadas naquele ano. O motivo, de acordo com o Instituto de Obras Públicas do Espírito Santo (Iopes), é que a empresa contratada para executar o serviço faliu e abandonou o trabalho. Com a reforma, que não foi concluída, o gasto chegou aos R$ 6 milhões.
Logo no início das obras, em 2012, os alunos foram levados para um espaço provisório onde funcionava uma faculdade, em Jardim Limoeiro, ao lado do cruzamento entre as rodovias Norte-Sul e ES-010. Ao longo desses anos, o prédio vem sendo motivo de queixas e protestos de estudantes, que alegam falta de estrutura. Dentre eles, espaço precário para educação física, ausência de ar-condicionado, ventiladores e parte elétrica com problemas constantes, além dos riscos de assaltos nas redondezas.
O espaço alugado em Jardim Limoeiro custa cerca de R$ 80 mil (de aluguel) por mês aos cofres públicos. Em 2018, o valor do aluguel era de R$ 78 mil mensal. Após uma longa busca no Portal da Transparência, o TEMPO NOVO constatou que o contrato de aluguel firmado em 2019 foi no valor total de R$ 885.967,06. Neste ano, a reportagem não teve acesso ao contrato. Ao todo, até 2019, foram gastos cerca de R$ 5 milhões somente com aluguel, enquanto se aguarda a obra da nova escola em Laranjeiras.
Enquanto as obras não andavam, o prédio do ABL, em Laranjeiras, ficou abandonado por quatro anos e foi demolido pelo Governo do Estado no final de 2018. Na época, o então secretário da Educação, Haroldo Rocha, afirmou que o espaço estava sem ‘boas condições’ para continuar a reforma. A demolição custou R$ 290,7 mil.
Questionado pela reportagem sobre os valores gastos nas obras e os atrasos, Haroldo sugeriu pensar positivo e prometeu que a obra estaria licitada até o final de 2018, o que não aconteceu.
Vale lembrar que foi demolido somente o prédio principal da escola, onde aconteciam as aulas. Foram mantidas da estrutura atual a cozinha e as áreas de apoio, o refeitório coberto, as área de serviço, o vestiário, o auditório e a quadra poliesportiva.
Somando os valores da reforma não concluída, dos aluguéis pagos e da demolição, o Governo do Estado já gastou cerca de R$ 12 milhões com a escola que ainda não está pronta. O valor ainda deve aumentar, já que, a obra será entregue somente em 2023.