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Mestre Álvaro
Yuri Scardini é autor do livro 'Serra: a história de uma cidade' e escreve sobre política e economia

Apertado na Serra, Muribeca testa ‘oposição delivery’ em Vila Velha

“Você que é de Vila Velha, chama o Pablo”. É com essa fala de efeito — adaptada para o eleitorado canela-verde — que o deputado Pablo Muribeca (Republicanos) estreou sua “metralhadora ambulante” contra o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido). Essa foi uma das primeiras vezes que Muribeca diversificou sua atuação política e mirou em outra figura pública que não fosse o ex-prefeito da Serra, Sergio Vidigal, ou o atual prefeito, Weverson Meireles (ambos PDT).

E há um motivo claro para isso: se depender exclusivamente da Serra na eleição de 2026, Pablo poderá enfrentar sérios riscos de não se reeleger. O cenário eleitoral na cidade é bastante competitivo. Além dos atuais cinco deputados com base na Serra — Fábio Duarte (Rede), Alexandre Xambinho (Podemos), Vandinho Leite (PSDB), Bruno Lamas (PSB/licenciado) e o próprio Muribeca — a disputa deve contar com nomes de peso como o ex-prefeito Audifax Barcelos (PP) e o presidente da Câmara Municipal, Saulinho da Academia (PDT), apenas para citar alguns. Isso sem falar nos mais de 300 candidatos de fora que devem disputar votos na cidade em busca de uma fatia do eleitorado serrano.

Nesse contexto, Muribeca aparece como um dos mais vulneráveis, já que até o momento parece depender quase exclusivamente dos votos da Serra. E não adianta se escorar nos pouco mais de 90 mil votos conquistados na eleição para prefeito em 2024. Cada eleição tem dinâmicas próprias e contextos absolutamente distintos — exemplos disso tem de balde. Em 2026, o jogo será diferente: não será mais um “x1” como em 2024, mas sim um verdadeiro battle royale político, ou seja, todos contra todos.

A ‘oposição delivery’ de Muribeca parece seguir a mesma cartilha usada na Serra: um caminhão de críticas vagas, com quase nenhuma proposta concreta e nenhuma ação efetiva. Foi essa fórmula que, em 2022, o levou à Assembleia como deputado. O foco continua sendo o mesmo problema estrutural que mobiliza a opinião pública brasileira: a saúde. É um tema que gera audiência e engajamento — e Muribeca sabe disso.

Além de diversificar seu eleitorado potencial, Muribeca cumpre, com isso, um papel estratégico dentro do grupo de oposição ao governador Renato Casagrande (PSB): atacar um dos nomes cotados como possíveis sucessores em 2026, o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo. Para alguns nos bastidores, Arnaldinho tem sido pintado como o adversário ideal para contrapor o pré-candidato e atual prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini — aliado direto de Muribeca. Assim como Pazolini, Arnaldinho é jovem, tem discurso de renovação, experiência em gestão e alta aprovação. Ou seja, desgastar Arnaldinho é também fragilizar uma possível candidatura governista.

Essa movimentação representa uma mudança considerável na atuação de Muribeca, que desde 2020, quando surgiu no cenário político, limitou sua atuação praticamente à Serra. Mesmo quando se envolveu em temas de fora, como a polêmica em Fundão, o fez sempre ancorado no contexto serrano.

A lógica, no entanto, continua a mesma: agir como um vereador, abordar temas sensíveis à população sem se aprofundar nos reais gargalos da gestão pública, gritar até a voz esganiçar, não apresentar propostas concretas, transformar o debate em confronto pessoal com o prefeito de plantão, usar isso como palanque político e, por fim — a etapa mais importante para ele — transformar tudo em conteúdo para as redes sociais. Depois, entram em cena os assessores pagos com verba pública, que inundam as postagens com elogios coordenados, criando uma aura artificial de “herói do povo”.

Com isso, Muribeca atinge dois objetivos: agrada seu grupo político e tenta captar novos eleitores sem comprar uma briga direta com Casagrande, de quem aparentemente prefere se manter em paz  — talvez por temer retaliações políticas, dado seu próprio teto de vidro. Como fenômeno de internet, Pablo parece perder força à medida que se torna, ele mesmo, parte da política tradicional. Sua narrativa de “renovação” já não cola como antes, e o estilo barulhento, sem entregas palpáveis, tem prazo de validade. A queda no engajamento de suas redes evidencia isso.

Na tentativa de renovar sua imagem, Muribeca tem buscado entregar ações reais por meio do projeto “Conexão Comunidades”, que visa levar alguns serviços a bairros da Serra. No entanto, a iniciativa carece de articulação robusta e não gerou impacto expressivo. Após a eleição de 2024, seu grupo político se fragmentou. Entre as baixas, está o ex-coordenador de campanha Flávio Serri — frequentemente criticado pelo deputado, mas que foi peça-chave na estruturação da campanha de 2022, enquanto Pablo e aliados de Vitória contribuíam para os próprios tropeços.

Resta saber se esse novo movimento em Vila Velha será fogo de palha ou parte de uma estratégia mais consistente para disputar espaço com um prefeito popular, articulado e próximo da linha de sucessão estadual. Na Serra, avalia-se que Vidigal, enquanto prefeito, permitiu o crescimento de Muribeca por cansaço humano e político com esse tipo de movimento populista de web. Já Weverson e Arnaldinho, ao que tudo indica, não devem repetir essa postura passiva.

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