A Eco101 vai assumir o trecho da BR-101, entre os quilômetros 260 e 262, nas proximidades de Cidade Pomar, na Serra. O local é palco de acidentes fatais, conta com uma estrutura precária e é popularmente conhecido como ‘Trevo da Morte’ – uma referência às tragédias de trânsito já ocorridas ali. Apesar de ser a responsável pela rodovia, a concessionária se negava a realizar melhorias no trecho e gerou um grande imbróglio na Justiça, por conta de um processo feito pela Prefeitura da Serra, que exigia recapeamento asfáltico, instalação de radares, entre outras coisas.
Ao TEMPO NOVO, a Eco101 afirmou que o ‘Trevo da Morte’ está em processo de transferência da administração do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), para sua responsabilidade, conforme o Contrato de Concessão e documentos que o integram. Dessa vez, a empresa não explicou o motivo de essa transferência ter ocorrido apenas sete anos após ela assinar contrato para gerir a BR-101 – que aconteceu em maio de 2013. No entanto, em 2019, a empresa havia especificado à reportagem os motivos de não “poder realizar melhorias” entre os quilômetros 260 e 262.
Na ocasião, a Eco argumentou que “um viaduto estava previsto para ser construído entre os anos de 2010 e 2012 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e como não foi feito, a transferência de responsabilidade do trevo de Cidade pomar não aconteceu”. Essa afirmação foi desmentida pelo órgão federal, que disse que não atua em rodovias federais que estão sob concessão da iniciativa privada, que é o caso da BR-101. Por conta do jogo de empurra, a Prefeitura da Serra entrou com um processo contra a empresa e o Dnit.
O Município disse que iria multar, diariamente, a Eco no valor de R$ 20 mil. Agora, em 2020, a reportagem questionou a prefeitura sobre as multas, mas não obteve retorno sobre assunto. Por meio de nota, a assessoria de imprensa confirmou que processou a concessionária, através de uma ação civil pública. Informou ainda que, após isso, a empresa reinstalou os radares – uma das medidas solicitadas no processo – e disse que os equipamentos estão funcionando.
Apesar de ainda não ter assumido oficialmente o trecho, a Eco101 ressaltou que, até que seja concluída a transferência – sem prazo definido para acontecer – “a concessionária realiza, no local, serviços emergenciais de manutenção e atendimento médico e mecânico. O texto da nota enviada ainda confirma a instalação de radares no local, mas ignora que isso ocorreu apenas após o processo judicial: “para aumentar a segurança, em maio deste ano instalamos dois radares no trecho, para induzir motoristas a respeitarem a velocidade da via”.
Eco investe em outras cidades, mas ignora a Serra, diz morador
O morador de Nova Almeida, Saulo Alves, que sempre utiliza a BR-101 está indignado com a situação precária que se encontra o trecho da rodovia na entrada de Cidade Pomar. De acordo com ele, “a impressão que fica” é que a Eco101 está investindo em outras cidades capixabas, mas ignorando a Serra, que também precisa de obras.
“Pressentimos que estão levando a Serra a ‘banho maria’ até o contorno do Mestre Álvaro ficar pronto, aí o município que irá arcar com a reforma da BR e da obra do viaduto de Cidade Pomar. Poderia ser condicionado a Eco101 que para assumir o Contorno do Mestre Álvaro primeiro dar condições de trânsito no trecho a ser municipalizado”, afirmou.
Ainda segundo Saulo, o local possui muitos problemas. “Asfalto péssimo, sinalização precária, perigo ao acessar os bairros de Cidade Pomar e adjacências, acidentes, inclusive mesmo tendo 2 faixas em cada sentido, não existe canteiro central para dividir as vias”, finalizou o popular.