
O Projeto de Lei número 293/2025, que previa a obrigatoriedade do uso de microcâmeras pelos professores em atividades no ambiente escolar, está oficialmente arquivado. A movimentação aconteceu nesta terça-feira (25), um dia após a polêmica envolvendo a proposta, de iniciativa da vereadora Raphaela Moraes (PP).
Em meio às discussões sobre o projeto, até então tramitando na Câmara da Serra, o Sindicato dos Profissionais em Educação do Espírito Santo (Sindiupes) declarou repúdio à iniciativa e, por meio de seus representantes, disse que acompanhou as repercussões do projeto e que “os professores ficaram revoltados com o absurdo do tema, que coloca os professores como violentos e desmedidos”. A entidade está pleiteando ainda uma audiência com membros da Comissão de Educação da Casa. O sindicato enviou nota à redação, que será publicada ao final desta matéria.
O pedido de arquivamento feito pela vereadora é o de número 30/2025, protocolado às 12h07 desta terça-feira (25). A parlamentar se manifestou por meio de nota enviada à redação do TEMPO NOVO. Confira:
“O PL visava (porque já solicitamos arquivamento) proteger a todos, inclusive o próprio professor que diariamente sofre ataques de todo lado (alunos, pais, até outros profissionais) e, na maioria das vezes, fica sem ter como provar a própria inocência.
Discursos de fazerem apologia à ideologia de gênero, ou temas politico-partidários, denúncias de assédio (moral e sexual) que supostamente aconteceria em locais públicos, não apenas em sala de aula, e todas as demais questões podem ser provadas por imagens, caso os próprios professores fossem protegidos pelas imagens produzidas por si mesmos.
Ora, se por um lado a imagem protege crianças, adolescentes, como também qualquer parte vulnerável, as mesmas imagens provam inocência em acusações infundadas. Mas, tendo em vista a polêmica, optei por requerer o arquivamento o projeto”, disse a nota assinada pela parlamentar.
Confira a seguir a nota do Sindiupes:
“Diante da proposição de um projeto da CMS que pretende instituir “a obrigatoriedade do uso de microcâmeras corporais pelos professores da rede municipal de ensino da Serra, com a finalidade de proteção e prevenção de crimes contra crianças e adolescentes no ambiente escolar”, surge uma questão inegável: ou esses legisladores tiram suas ideias mirabolantes da cartola, desconhecendo totalmente a realidade escolar, ou são inimigos declarados dos professores.
Onde vamos parar com uma sociedade que não valoriza seus educadores?
Na verdade, se há alguém que necessita de câmeras, são os professores. Elas poderiam servir como prova das dificuldades enfrentadas diariamente, lidando com um número expressivo de adolescentes agressivos e inconsequentes. Mas será que essa é a solução?
Precisamos refletir: de quem é, afinal, a responsabilidade pela educação informal? Como os estudantes chegam à escola? Os desafios enfrentados dentro da sala de aula muitas vezes são reflexos de uma sociedade que falha na formação de valores essenciais.
Seria fundamental convidar os nobres vereadores a visitarem uma escola e conhecerem de perto o trabalho dos profissionais da educação. Esses profissionais não apenas ensinam, mas também convivem diariamente com as dificuldades dos estudantes e enfrentam as complexidades da profissão com dedicação.
Precisamos mostrar-lhes que lidamos com seres humanos e que os tratamos como tal. A desestrutura não está no interior do espaço escolar, mas em fatores externos que impactam diretamente a educação”.