Por um mês, as moradoras de Valparaíso Lílian Souto e Luzimar Santos se uniram a outros amigos voluntários para recolherem garrafas de cerveja descartadas por bares na região de Laranjeiras. O material foi armazenado no campo de bocha da Praça Miguel Angelo e o planejamento era que fosse direcionado para cooperativa de catadores e depois para reciclagem do vidro.
Eis que na manhã desta sexta-feira (25), após o pedido de um morador, a Prefeitura foi recolher as garrafas. Segundo Lílian, o material seria coletado como lixo comum, que no caso da Serra, é descartado num aterro privado localizado em Cariacica.
“Fui avisada que a Prefeitura foi retirar as garrafas e fazer o descarte convencional, que na prática é jugar junto com o lixo úmido no aterro sanitário. Fomos lá e impedimos isso. Deu até polícia. Sei que o local que armazenamos as garrafas, um campo de bocha desativado há seis anos, não era o mais adequado. Mas era o que tínhamos. Esse tema da reciclagem precisa ser melhor tratado pelo poder púbico e pela sociedade”, disse Lílian.
A moradora reclama que falta no município coleta seletiva porta a porta, incluindo para eletrodomésticos e móveis, que muitas vezes acabam sendo descartados em pontos viciados e cinturões verdes, gerando os famosos lixões.
Lilian diz também que a reciclagem pode ser alternativa de renda para população de baixa renda. “Inclusive para os moradores de rua que ficam perto da Praça Miguel Angelo, mas é preciso haver vontade política. Por exemplo, no caso dos bares, cuja maior parte do lixo é de garrafas de cerveja, a Prefeitura poderia colocar próximo a eles caixas específicas só para coleta dessas garrafas”, sugere.
As críticas da moradora também foram direcionadas a uma famosa cervejaria. “As garrafas de 600 ml que mais aparecem são da cerveja Heineken. Simplesmente porque não são retornáveis, como as das outras marcas. É uma irresponsabilidade absurda da empresa fabricante”, dispara.
Prefeitura nega que iria jogar material ‘fora’
Em nota a Prefeitura da Serra negou que a intenção da equipe que foi à praça Miguel Ângelo recolher as garrafas era descarta-las como lixo comum. “O material será encaminhado para a Associação de Catadores Abrasol, em Planalto Serrano (bloco B)”, diz o material enviado à reportagem.
Heineken diz que trabalha
para melhorar gestão de resíduos
Também por nota, o Grupo Heineken não explicou porque todos os estabelecimentos que vendem sua cerveja em garrafa de 600 ml não aceitam de volta o casco. Mas disse que trabalha para combater os desafios da reciclagem no país. Confira na íntegra o posicionamento da empresa a respeito das críticas feita pela moradora de Valparaíso.
O Grupo HEINEKEN no Brasil afirma que tem atuado para combater os desafios da reciclagem e circularidade na gestão de resíduos sólidos no País. Hoje, 70% das embalagens do portfólio da companhia é retornável. Em 2019, a empresa aumentou em 25% o conteúdo reciclado em caixas garrafeiras, volume inédito em suas operações, além de avançar significativamente no uso de material reciclado em suas garrafas PET e de vidro (para esse segundo resíduo, especificamente, todas as garrafas possuem em média 28% de matéria prima reciclada). Para dar continuidade a esse trabalho, o Grupo vem formando cada vez mais parcerias com startups, experts e outros parceiros.
A exemplo disso, a companhia participa do Programa ECOGESTO, promovido pela ABRABE e localizado em 15 Estados brasileiros, incluindo Espírito Santo, com apoio a 122 cooperativas para melhoria da infraestrutura e gestão de cooperativas e/ou associação de catadores, além da implantação de PEVs (Pontos de Entrega Voluntária) e ações de educação ambiental; financia, desde 2015, o programa de logística reversa de vidro Glass is Good®, com mais de 50 milhões de garrafas encaminhadas para reciclagem; investe no projeto SO+MA Vantagens, primeiro programa de fidelidade para moradores de comunidades de São Paulo e Salvador, que troca resíduos recicláveis por cursos e produtos e já atingiu cerca de 1,2 mil famílias; e criou a ação Volte Sempre, que já recolheu mais de 31 mil embalagens deste resíduo em conjunto com a 4Glass, startup de mudança cultural positiva. O projeto Noronha Plástico Zero, que tornou a ilha de Fernando de Noronha a primeira ilha sem plástico descartável do Brasil, é outro exemplo que também contou com investimentos do Grupo HEINEKEN. Outras iniciativas como essas estão sendo desenvolvidas por meio do Hub Incríveis, uma rede de inovação criativa para a cocriação de soluções para reduzir o impacto negativo de embalagens no meio ambiente, da qual a companhia participa desde o início, tanto para a concepção do Hub, quanto para o financiamento necessário para os projetos.
O cuidado com o meio ambiente é uma das pautas prioritárias para o Grupo HEINEKEN, que tem o respeito como um de seus principais valores. A empresa entende que há ainda um caminho longo a percorrer e continuará incentivando ações de fomento à mudança de comportamento em relação à reciclagem, economia circular e preservação ambiental.