ALEX SABINO
Lionel Messi caminha sozinho pela área da Croácia enquanto o goleiro Livakovic está com as mãos na cintura. Ele duas vezes cerra o punho em direção aos torcedores e é abraçado por Julián Álvarez, o beneficiário de mais uma jogada mágica do camisa 10 argentino que está a um jogo de ser campeão mundial.
Se uma das frases mais batidas de sua carreira é que o futebol deve uma Copa do Mundo a Lionel Messi, o Qatar está perto de resolver o problema.
Artilheiro do torneio ao lado de Mbappé (cinco gols) e máximo goleador de sua seleção na história do torneio (11), Messi passeou em campo na goleada por 3 a 0 da Argentina sobre a Croácia na semifinal desta terça-feira (13).
No domingo (18), a equipe enfrenta o vencedor do confronto entra França e Marrocos, que jogam nesta quarta-feira (14) pela outra vaga na decisão.
A última partida de Messi em Mundiais será uma final. Ele espera que com um final diferente da de 2014, quando foi vice no Maracanã após derrota para a Alemanha. Mas este camisa 10 de 2022 é um jogador diferente. Não parece o mesmo Lionel que perdeu duas chances que poderiam ter mudado os rumos daquela partida há oito anos.
Cada vez que ele pega na bola, há uma sensação de expectativa no estádio do que vai acontecer. O Messi de hoje é teoricamente um dos atacantes da seleção, mas procura o tempo inteiro onde há espaços vazios no campo, lugares em que possa receber a bola.
Nesta Copa do Mundo já aconteceram gols de fora da área, passes geniais, lançamentos de um lado para outro do campo, arrancadas contra quatro adversário e finalizações em quantidade que nunca anotou na competição.
Diante da Croácia aconteceu tudo isso. A genialidade de um dos maiores jogadores da história resumida em 90 minutos de futebol.
Aos 35, ele fez de pênalti depois de Livakovic ter derrubado Julian Álvarez na área. A equipe sul-americana já crescia em campo e tomava conta da partida. O grande momento da Croácia foi Modric enfiar a bola pelo meio das pernas de MacAllister.
Depois da batalha das quartas de final contra a Holanda, a semi foi muito menos tensa para os torcedores argentinos que estavam dentro do estádio e para os milhares que andam pelas ruas da capital do Qatar sem ingresso.
Mais uma vez maioria no estádio, eles chegaram a Lusail fazendo festa. Acalmaram uma criança que chorava no metrô com canções de ninar em espanhol. Colocaram nos ombros e atiraram para o ar repórter da ESPN Argentina que falava ao vivo na saída da estação de Lusail cantaram o nome de Diego Maradona.
Quando o intervalo chegou, Álvarez havia feito o segundo apenas por não desistir da jogada. A bola bateu no seu peito sobrou livre para empurrar para o gol. Ele depois faria outro e este seria bem mais fácil.
Em alguns momentos houve preocupação. Em determinados momentos do primeiro tempo e no intervalo, Messi colocou a mão na parte traseira da coxa esquerda. Pareceu apertá-la. Começou depois de uma pancada que recebeu logo no começo da partida. Mas correu sem aparentar dificuldade e, definitivamente, jogou como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo.
Ele se cansou de tirar para dançar seu marcador croata. E a cada momento era um diferente. Ou dois. Aos 24 da etapa complementar, fez que ia para um lado, saiu pelo outro e deu o gol para Álvarez.
Da mesma forma que no passe para o primeiro contra a Holanda, marcado por Molina, fica a impressão que Lionel Messi enxerga um jogo que ninguém mais vê.
A Croácia passou os 25 minutos finais derrotada em campo, sem resposta. Não que tenha sido uma decepção para a maior geração da história do futebol do país, vice em 2018 e que vai disputar o terceiro lugar em 2022.
Deverá ser o último jogo em Mundiais de Modric, eleito o melhor da competição há quatro anos e que continua sendo o coração de uma seleção que surpreendeu mais uma vez.
Quem assistiu a derrota da Argentina na estreia contra a Arábia Saudita, teria dificuldade de prever o que aconteceria nas partidas seguintes. Uma campanha que passa por mudanças feitas por Lionel Scaloni. Duas das mais importantes foram as entradas de Alexis MacAllister e Enzo Fernández no meio-campo. Alterações que deram à equipe a estabilidade que faltou no primeiro jogo.
E possibilitaram a Lionel Messi ser Lionel Messi em sua despedida da Copa do Mundo.
Emi Martínez; Molina (Juan Foyth), Romero, Otamendi e Tagliafico; Paredes (Lisandro Martínez), De Paul (Exequiel Palacios), Enzo Fernández e Mac Allister (Ángel Correa); Messi e Álvarez (Paulo Dybala). T.: Lionel Scaloni.
Livakovic; Juranovic, Lovren, Gvardiol e Sosa (Orsic); Brozovic, Kovacic (Bruno Petkovic) e Modric (Lovro Majer); Pasalic (Vlasic), Perisic e Kramaric (Marko Livaja). T.: Zlatko Dalić.
Estádio: Lusail, em Al Daayen (Qatar)
Horário: Às 16h (de Brasília) desta terça-feira (13)
Árbitro: Daniele Orsato (ITA)
Assistentes: Ciro Carbone e Alessandro Giallatini (ambos da Itália)
VAR: Massimiliano Irrati (ITA)
Cartões amarelos: Mateo Kovacic, Dominik Livakovic (CRO). Cristian Romero (ARG), Nicolás Otamendi (ARG).
Gols: Lionel Messi, aos 33′, Julián Álvarez, aos 38’/1ºT e aos 24’/2ºT.
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