Por Eci Scardini
O tabuleiro eleitoral de 2018, quando serão eleitos os 30 deputados estaduais, os 10 federais, dois senadores, governador e vice, além do presidente da república, vem sendo montado e movimentado a cada dia. No que tange ainda estar longe para o eleitor ir às urnas, na prática as articulações seguem de vento em popa.
Uma dessas articulações e que mexe com o cargo mais cobiçado no Estado, o de governador, passa pela Serra e é protagonizada pelo prefeito Audifax Barcelos. Ele vem fazendo movimentos em diversas direções, flertando ora com um, ora com outro e ora ensaia um voo solo, em uma espécie de teste para ver se cola ou até mesmo para se valorizar entre os caciques políticos do Estado.
Audifax que tem uma relação histórica e orgânica com o PSB flerta com Renato Casagrande para governador, e assim mantém uma saudável relação que vem desde os tempos em que ainda era secretário municipal, passando pelas suas duas estadas como prefeito e nessa terceira também.
Flerta também com o governador Paulo Hartung (PMDB). Não são poucas as informações de bastidores que mostram o prefeito abordando o governador e sinalizando um possível apoio para 2018. Alguns mais apaixonados falam até que Hartung já sinalizou que Audifax poderia vir a ser o seu candidato ao Governo.
O mais recente ‘namoro’ de Audifax vem sendo com a senadora Rose de Freitas (PMDB), que já externou o seu desejo de disputar o comando do Estado. Esse namoro é mais recente, não há muitas informações e até então, a relação entre os dois praticamente não existiam.
Mas Rose tem abraçado causas do prefeito; foi com ele na Caixa negociar a antecipação de R$ 100 milhões de royalties de petróleo, recursos que seriam aplicados na infraestrutura de bairros da Serra. Agora mais recente, a senadora levou o prefeito ao presidente Michel Temer e entre os pedidos está a liberação de R$ 65 milhões para o sistema viário que envolve a rotatória do Hospital Dório Silva.
Movimentos dessa grandeza não são de graça, tem que haver uma contrapartida e isso pode ser o apoio do prefeito a uma candidatura de Rose ao Governo do Estado.
Perigos e riscos da ambiguidade
Por último, o prefeito vira e mexe, usa a imprensa para colocar-se à disposição do partido para disputar o cargo de governador. Pode ser um blefe? Pode; mas e se a ideia cola? Ao mesmo tempo também, em reuniões com pastores e outros segmentos, ele afirma que irá terminar o mandato. É como se fosse assim: no aberto ele admite a disputa e no privado ele afirma que fica no cargo de prefeito até o fim.
Esse movimento ambíguo do prefeito coloca-o no centro das discussões da sucessão no Estado, até porque o seu partido, o Rede, terá uma candidata competitiva à presidência da República, a de Marina Silva que precisará de palanque por aqui.
Há um fator ruim nessa ambiguidade. Audifax cria contra ele uma redoma por parte dos demais grupos políticos para se prevenirem de uma possível frustração. Todos conversam com ele, mas não tem aquela confiança de poder contar com ele, nem mesmo o PSB, que juntos são protagonistas de muitos capítulos na história política da Serra.
Nem mesmo o governador Paulo Hartung, que em 2005 alçou Audifax à condição de secretário de Estado de Planejamento, dando a ele grande visibilidade e oportunidade, tem certeza e conta efetivamente com o apoio do prefeito.
O que aguarda então Rose de Freitas, recém chegada ao circulo de relacionamento político de Audifax? Esse tabuleiro está em formação e as pedras vão e vêm com naturalidade. É torcer para que o prefeito acerte a mão e que a Serra poderá, no futuro, tirar benefício dessa ambiguidade pensada e executada pelo seu líder.