Por Clarice Poltronieri
A Semana Santa e a Páscoa são períodos de penitência e celebração da ressureição do Messias no calendário cristão. Tradicionalmente na Sexta-feira da Paixão, data em que é lembrada a morte de Jesus, é praticado o jejum de carne vermelha pelos católicos. Com isso, os peixes e mariscos ganham as mesas.
Na Serra não é diferente. Muita gente se reúne na quinta para preparar a refeição da Sexta-Feira Santa e faz disso uma tradição. O prato favorito é a famosa torta capixaba, cujas receitas são variadas de acordo com o paladar de cada um.
Em Castelândia, Rita Maria Fundão Reis tem o marido e a filha como auxiliares na preparação da delícia culinária. “Aprendi a fazer a torta com minha mãe e mantive essa tradição. Antes eu fazia a receita tradicional com moqueca de sururu, camarão, caranguejo e siri. Mas agora minha filha prefere só com bacalhau e palmito. Temos o hábito de fazer a torta na quinta e comê-la com os amigos quando voltamos da missa, neste dia mesmo”, conta.
Já na família de Jurandir Bispo, que veio da Bahia para morar em Carapebus, a torta capixaba entrou de vez no cardápio. Mas sem esquecer o toque baiano. “Desde que cheguei aqui, há 20 anos, faço a torta capixaba de bacalhau com palmito, batata e muito tempero. Sempre na Sexta-Feira Santa, mas nunca falta o feijão de leite, que é feijão cozido batido e coado, misturado com leite de coco e açúcar. Na Bahia a gente fazia feijão de leite, caruru, moqueca de peixe e cortado de abóbora e legumes”, detalha.
Oportunidade
Há também aqueles que preferem a comodidade de comprar a torta pronta. Fato que gera oportunidade de negócios para quem manda bem na cozinha. É o caso de Patrícia Fontana, que já montou uma pequena cozinha industrial em casa. “Há uns três anos comecei a fazer torta para vender. Costumo ter entregas dez dias antes da Páscoa e faço duas receitas, uma com bacalhau e palmito e outra, mais completa, que acrescento sururu, camarão caranguejo e siri. Esta última é a que mais sai, mas normalmente me pedem para tirar o sururu”, conta.
Em alguns restaurantes da cidade, também é possível saborear o prato no local ou encomendá-lo. “Começamos com as encomendas a partir da quarta-feira”, conta Lara Lafetá, proprietária do restaurante Berro D’água, em Jacaraípe.
Ovos e coelhos têm origem pagã
A origem dos ovos de Páscoa está nas religiões pagãs, onde as pessoas se presenteavam com ovos de ave pintados com elementos da natureza para celebrar a chegada da primavera (no hemisfério norte). A deusa pagã da primavera, Ostera, trazia em seus braços um ovo, que representava o início da vida, e a seu lado, um coelho, que representava a fertilidade.
A tradição da troca de ovos foi absorvida pelo cristianismo, onde as pinturas passaram a ter imagens santas e a representar a ressurreição de Cristo. Os ovos de chocolate só surgiram no século XVIII, na França, para agradar ainda mais às crianças que procuravam os ovos enfeitados escondidos pelos adultos.
O coelho foi resgatado pelos alemães no século XVI como símbolo da fertilidade e hoje ambos são usados para a alegria das crianças, que se divertem atrás das pegadas do coelhinho que deixou seu ovo escondido em algum lugar.
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