O professor, doutor e geógrafo, Milton Santos, escreveu vasto conteúdo, analisando espaço urbano, seu tempo e desenvolvimento. Seu ponto de partida é que a cidade devia ser homogenia e diferente de como se apresenta: evidenciando o centro promissor com sua periferia apenas reprodutora da dura realidade social.
Ou seja, se fosse colorir a geografia da cidade, as áreas centrais brilhariam intensamente. Mas ao afastar-se desse centro, as cores vão perdendo brilho e intensidade, até que se torne fosco e quase invisível.
Numa cidade como Serra, que é desforme, quer dizer, que não se distribuiu exatamente do centro para a periferia, havendo variadas incidências com sua emergente urbanização, a territoriedade obedeceu a fatores não coincidentes com a geo-demografia do ilustre autor baiano, mestre Santos.
A Serra, aliás, não tem o tal centro promissor ou irradiador da urbanidade. Tem regiões quase autônomas, não fosse a existência da região-sede administrativa, concentradora do controle político, de gestão e do processo histórico-cultural, desde a fundação da Vila de Nossa Senhora da Conceição da Serra.
Assim é que Carapina concentra comércio automotivo e serviços de transporte, que se estende por Jardim Limoeiro, até a siderúrgica da Arcelor Mittal. Em Laranjeiras o shopping a céu aberto da cidade, com sua movimentação varejista, mais serviços de saúde e especialidades médicas. E a área expandida das indústrias de médio porte.
Jacaraípe e litorânea, com predomínio do turismo de lazer, pesca e culinária. Na maior região de conjuntos habitacionais, de Barcelona às Serra’s Dourada’s, se expande comércio local, dando autonomia a região. Além do Centro Industrial – CIVIT I.
Restando aos bairros da margem esquerda a BR-101-N (sentido Carapina pra Serra), entre Cantinho do Céu indo até Laranjeira Velha (entrecortado por José de Anchieta) os aspectos suburbanos mais próximos ao que desenhou o mestre Milton Santos.
Odmar Péricles Nascimento