Conceição Nascimento
Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 08 de março, a violência contra as mulheres ainda choca e é um dos obstáculos a novos avanços femininos na sociedade. E no município os assassinatos de mulheres voltaram a crescer nos últimos meses. A informação é da secretária de Políticas Públicas para a Mulher da Serra (Seppom), Luciana Malini.
Segundo Luciana, na cidade foram registrados 20 assassinatos de mulheres em 2017. E um caso em janeiro de 2018. O número de fevereiro ainda não foi divulgado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
“Tivemos uma queda significativa no número de homicídios no ano passado, até setembro. E um pequeno aumento nos últimos meses. Estamos estudando junto à Sesp essa situação”, disse Luciana Malini.
A secretária disse que até setembro no ano passado, havia 12 registros de assassinatos de mulheres na Serra, e em apenas nos três últimos meses do ano surgiram outros oito casos. No entanto não é simples classificar o crime como feminicídio, que são aqueles decorrentes da condição de ser mulher, geralmente praticados por companheiros ou ex-companheiros.
“Muitas vezes demoram meses de investigação para saber se o caso é de feminicídio. Mas notamos que aumentou o número de atendimento às mulheres agredidas ou ameaçadas na Serra a partir de setembro do ano passado”, explica a Secretária.
Ela acrescenta que a Seppom orienta as vítimas de agressores e ameaças, encaminhando- as para a Delegacia de Proteção à Mulher, e também dá assistência psicossocial a essas vítimas. “Foram 947 atendimentos desse tipo em 2017 na Serra”, conclui Luciana.
Segundo informações da Sesp, do total de homicídios de mulheres no Estado em 2017, 41 já foram caracterizados como feminicídio. A Sesp não divulgou os números por município. Na Grande Vitória, foram registradas em 2017 mais de 12 mil ocorrências de violência contra mulher. Além dos 2.795 casos de ameaças e 1.348 registros de lesão corporal, os números incluem ainda as solicitações de visitas tranquilizadoras, feitas por policiais.
ES é o 4º com mais violência doméstica
Responsável pela Coordenadoria de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), a juíza Hermínia Azoury, disse que o estado é o quarto com mais violência doméstica contra mulheres.
“Quando assumi, em 2012, o Espírito Santo estava em primeiro lugar, em violência doméstica. Hoje ocupa a quarta colocação, segundo as últimas pesquisas. Começamos a criar mecanismos para que as vítimas se sentissem protegidas, como o botão do pânico e o juizado itinerante. Estamos trabalhando uma cartilha para as escolas, para que crianças se sintam cidadãs no futuro. Temos lutado para que o machismo e a cultura machista tomem outro rumo e a gente possa contar outra história, de mulheres que venceram. As mulheres tinham dificuldade de denunciar, medo da perda dos filhos”, conta Hermínia.
A juíza disse que no primeiro semestre de 2017, foram levados ao conhecimento do órgão 8.991 casos de violência doméstica contra a mulher no Estado. Destes, foram gerados 3.336 inquéritos e concedidas 4.280 medidas protetivas.
Dos 114 homicídios registrados em janeiro de 2018 no Espírito Santo, 13 foram de mulheres, sendo uma na Serra. Esses números são da Sesp. Já o Atlas da Violência publicado em 2017 e referente a dados de 2015 apontou o Espírito Santo como o Estado onde mais são assassinadas mulheres negras, uma taxa de 9,3 para cada 100 mil.