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Associação de Laranjeiras diz que biblioteca mais antiga da Serra é ‘obsoleta’ e estuda fechamento

Biblioteca mais antiga da Serra pode ser fechada pela Associação de Moradores de Laranjeiras. Crédito: Divulgação

“Um problema”, “espaço subutilizado” e “lan house”. São com essas palavras que a Associação de Moradores de Parque Residencial Laranjeiras (AMPRL) define a biblioteca mais antiga da Serra e da América Latina, situada no maior polo comercial da cidade e utilizada por moradores há 41 anos. Sob a responsabilidade da liderança comunitária, o espaço pode estar com dias contados.

Isso porque a Associação de Moradores confirmou, ao Jornal TEMPO NOVO, que está estudando o fechamento da biblioteca, ou, ao menos, uma readequação do espaço, que é considerado pela liderança comunitária como “obsoleto”. A confirmação, no entanto, acontece em meio às denúncias de desmonte e supostas ameaças aos funcionários da biblioteca.

De acordo com a funcionária mais antiga da biblioteca, Rejane Afonso, alguns membros da diretoria da AMPRL – atualmente presidida por Lusmar Furtado – estaria cometendo assédio moral contra ela e sua colega de trabalho. Rejane acusa Lusmar ainda de perseguição e humilhação e entrou com uma denúncia no Ministério Público, além de registrar Boletim de Ocorrência.

“Todos os dias estamos enfrentando ataques da diretoria. Elas ficam nos perseguindo para que peçamos demissão e larguemos o cargo. Desta forma, a Associação poderia fazer o que quiser com o espaço. Somos nós que lutamos e seguramos esse desmonte, por isso, fui ao MP denunciar o assédio moral e fiz um BO contra a presidente”, disse.

Conforme informado anteriormente, a biblioteca chegou a ficar por semanas completamente fechada em junho deste ano. Na ocasião, uma fonte ouvida pela reportagem que faz parte da chapa eleita para diretoria da Associação e pediu para não ser identificada por medo de represálias também denunciou o suposto desmonte do bem público.

“Já ouvimos que a diretoria possui novos projetos para o espaço, que segundo eles, estaria sendo mal utilizado. O problema é que essa é uma das únicas bibliotecas comunitárias da Serra e possui uma carga histórica com todos nós”, disse.

Moradores fazem movimento para impedir fim da biblioteca

Desde que o assunto ganhou repercussão, moradores que utilizam a biblioteca estão se movimentando para impedir o fechamento. Um deles é Denilson Magalhães.

“A nova administração da Associação de Moradores de Laranjeiras, que está com ideia, de fecha a biblioteca da instituição vai causar um dano muito grande aos moradores do bairro; isso é inadmissível”, afirmou.

Outro usuário da biblioteca praticamente desde que ela existe é Jean Nay. “Se for necessário faremos uma mobilização pública. O acervo de lá é grande, eu faço uso do espaço desde os meus sete anos e com certeza os livros que estão lá, que estão considerando obsoletos, podem auxiliar muito estudante carente a ter acesso a livros de autores renomados”.

Associação diz que denúncias são infundadas, mas não descarta fechamento

O Jornal TEMPO NOVO entrou em contato com a presidente da Associação de Moradores de Laranjeiras, Lusmar Furtado. No entanto, a liderança não quis conversar com o jornalista. Pouco depois, Lilian Souto – que também tem participação na diretoria – entrou em contato com a reportagem e disse que as denúncias das funcionárias são “infundadas”.

“Denúncia infundada que estão fazendo da diretoria, numa tentativa de denegrir a imagem dos membros da associação. Infelizmente, para se organizar uma instituição é preciso tomar decisões que contrariam interesses particulares de alguns; é exatamente o que vem acontecendo dentro da instituição; então, estão deturpando verdades, numa tentativa de impedir que decisões importantes sejam tomadas em favor da coletividade”, disse Lilian.

Ainda em conversa com a reportagem, Souto confirmou que existe a possibilidade de a biblioteca ser fechada, mas afirma que a decisão será da comunidade. Lilian ainda classificou o espaço como obsoleto.

Perguntada diretamente sobre o encerramento das atividades do espaço disse: “não sei; quem vai responder será a comunidade; não existe fechamento de biblioteca; existe resolver problemas”.

E prosseguiu: “primeiro o que se precisa descobrir é se existe realmente uma biblioteca ativa ali ou se existe apenas um acervo obsoleto que não tem atingido a sua finalidade. Hoje o espaço está subutilizado; está mais para copiadora e Lan house do que para biblioteca. Há inúmeros projetos de grande impacto social que poderão estar sendo implantados com o uso compartilhado do espaço”, finalizou.

Entenda a polêmica

Conforme noticiado pelo TEMPO NOVO, nos últimos dias, segundo os moradores, a biblioteca estaria completamente fechada e a entrada de usuários estaria sendo impedida. Uma das populares que denunciou a situação foi a Graça Egner. Moradora antiga do bairro, ela relata dificuldades para acessar as dependências do centro comunitário ao todo.

Vale ressaltar que a biblioteca é comunitária e possui administração da Associação de Moradores de Parque Residencial Laranjeiras, que atualmente está sob a gestão da presidente Lusmar Furtado.

“Já faz tempo que a Associação está deixando a nossa biblioteca completamente fechada. Estamos sendo impedidos de acessar o local, que é nosso. A atual gestão do bairro demitiu funcionários e deixou o espaço vazio, sem pessoas que pudessem nos atender. Isso me deixa triste; sempre utilizei a biblioteca e não somente para leitura, mas também para fazer cópias, digitalização e informática”, denunciou Graça.

Uma fonte ouvida pela reportagem que faz parte da chapa eleita para diretoria da Associação e pediu para não ser identificada por medo de represálias também denunciou o suposto desmonte do bem público.  “Já ouvimos que a diretoria possui novos projetos para o espaço, que segundo eles, estaria sendo mal utilizado. O problema é que essa é uma das únicas bibliotecas comunitárias da Serra e possui uma carga histórica com todos nós”, disse.

Em setembro de 2017, o Jornal TEMPO NOVO divulgou uma matéria onde demonstrava a importância da biblioteca, que fica dentro das dependências da associação. Naquela época, o local recebia cerca de 43 mil visitantes por ano e possuía um acervo de mais de 20 mil livros. Além disso, tinha um espaço para realização de pesquisas, utilizado por estudantes de escolas públicas e privadas.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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