Os capixabas que dependem do transporte público, inclusive moradores da Serra, não serão mais aferados pela greve dos rodoviários, que estava prometida para esta quarta-feira (2). De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários), os funcionários das empresas que fazem parte do Consórcio Atlântico Sul receberam o pagamento, que estava em atraso desde o mês passado, e decidiram cancelar a greve temporariamente.
Ao TEMPO NOVO, o presidente do Sindirodoviários, José Carlos Salles confirmou o cancelamento da greve. “Os funcionários foram pagos e agora a greve está suspensa. O dinheiro entrou na conta dos rodoviários nesta terça-feira e por conta desse novo acordo não haverá paralisação do sistema Transcol nesta quarta-feira”, afirmou José. Ainda segundo informações, um novo movimento na próxima semana não está descartado, caso haja novos problemas no recebimento de benefícios e salário.
Caso a greve acontecesse, não seria todos os ônibus do Transcol que parariam de rodar, mas apenas esses que são de responsabilidades das empresas do Atlântico Sul. Apesar disso, segundo rodoviários, muitas linhas da Serra seriam afetadas. “A Serra também (seria) afetada. São as empresas do Consórcio Atlântico Sul, que atende linhas da cidade”, destacou o presidente no último sábado (29), em entrevista a reportagem.
Até a finalização desse texto, o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus), não havia se pronunciado sobre o assunto. O mesmo também aconteceu no fim de semana, quando o GVBus havia informado que não se manifestaria sobre o atraso nos pagamentos e a ameaça de greve. Já a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb) destaca que esse assunto é de responsabilidade do GVBus.
As empresas ainda não se manifestaram sobre o atraso no pagamento de salários, mas conforme noticiado pelo TEMPO NOVO no dia 16 de agosto, a pandemia causada pelo novo coronavírus está trazendo prejuízos milionários para as empresas que atuam no Sistema Transcol. De acordo com o membro do Comitê Executivo do Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus), Murilo Lara, só não houve um colapso porque o Governo do Estado forneceu combustível, o que atenuou a situação, evitando uma demissão em massa.
Em cinco meses, as empresas que atuam no Sistema Transcol amargaram um prejuízo de R$ 116 milhões. A afirmação é do Murilo Lara, membro do Comitê Executivo do GVBus. De acordo com ele, por pouco não ocorreu uma demissão em massa no sistema e isso foi evitado pelo fornecimento de combustível feito pelo Governo do Estado. Entre 15 março e 31 de julho, as perdas ficaram acima de R$ 116 milhões.
Agora, cinco meses desde o início das ações de combate à Covid-19, as empresas afirmam que continuam contabilizando os prejuízos. “(Nesses meses de pandemia), as perdas ficaram acima de R$ 116 milhões. O que significa que o sistema arrecadou apenas 63% da receita normal. A conta não fecha”, relata Murilo.
Ainda de acordo com ele, houve uma redução drástica no número de passageiros, mas o serviço continuou sendo ofertado em dobro. “Para se ter uma ideia, nesse período, a média geral de pessoas transportadas foi de 42% do total esperado (queda de 58%), enquanto o sistema manteve uma oferta de 82% do serviço. Ou seja,a oferta foi praticamente o dobro da demanda”, afirma o membro do GVBus.
Para as empresas, os números de agosto são mais animadores, pois a demanda aumentou, chegando a 54% da esperada, mas a oferta de coletivos também subiu: ficou em 90%, conforme programação da Ceturb-ES. “Mantendo a discrepância entre o número de pessoas transportadas e a quilometragem percorrida. Só não houve um colapso porque o governo forneceu combustível, o que atenuou a situação, evitando inclusive uma demissão em massa”, disse Murilo.
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