Nesta segunda –feira (01) atingidos pela rompimento da barragem da Samarco (Vale + BHP) em Mariana – MG interditam a ferrovia Vitória Minas em Carapina, Serra ES, próximo à entrada do Complexo de Tubarão, onde funcionam usinas e portos da Vale e ArcelorMittal.
O ato para que a entidade criada pela mineradora Samarco e suas controladoras para gerir as reparações ao desastre/crime ambiental contrate auditoria independente para cálculo das indenizações aos atingidos. A ação tem apoio do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Em seu site, o MAB afirma que os capixaba e parte dos mineiros atingidos pelo rompimento da barragem de rejeitos da extração de minério de ferro em Mariana, ocorrida em 05 de novembro de 2015, aguardam a contratação de assessoria técnica independente desde o final de 2018. Lembra ainda que os atingidos pelo rompimento da Barragem de Brumadinho, da Vale, em janeiro de 2019, já conquistaram esse direito.
Segundo a publicação do MAB, cerca de 250 pessoas participam do ato, dentre eles Os atingidos, em sua maioria pescadores, ribeirinhos, agricultores e comerciantes. Um dia antes, ativistas do Movimento participaram de protesto durante a tradicional procissão de barcos de São Pedro em Vitória. É bom lembrar que os pescadores capixabas foram duramente afetados pela lama da Samarco que desceu o rio Doce até o mar, atingindo o principal pesqueiro de camarão, cação e robalo do litoral do Espírito Santo: a boca do rio Doce em Regência, Linhares.
O rompimento da barragem da Samarco em Mariana é considerado o maior desastre da história da mineração do planeta. Matou 19 pessoas, jogou 43,7 milhões de m3 de lama no rio Doce, gerando mortandade generalizada de peixes e outros organismos, além de contaminar águas fluviais e marinhas com metais pesados. Poluição que chegou ao Espírito Santo e se espalhou pelo oceano Atlântico, atingido até o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, no extremo sul da Bahia. E mais de três anos depois ainda permanece.
Também afetou duramente a economia capixaba, com a paralisação de porto, minerioduto e usina de pelotização da Samarco em Anchieta, litoral sul. Impacto que chegou à Serra, com a suspensão de contratos de fornecedoras de produtos e serviços à Samarco instaladas na cidade.
O outro lado
Em nota a Vale disse que cerca de 60 manifestantes ocuparam a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) no município da Serra (ES). Afirma também que a pauta dos manifestantes está relacionada com a contratação de assessorias técnicas, que será custeada pela Fundação Renova, criada para gerir e executar os programas e ações de reparação e indenização às pessoas afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão.
Por fim, a mineradora informa que está acompanhando as tratativas com as comunidades, como uma das signatárias do Termo de Transação de Ajustamento de Conduta (TTAC) firmado entre entidades públicas e privadas.
A Fundação Renova também enviou nota à reportagem, aonde afirma considerar legítima a manifestação popular, coletiva ou individual, e reafirma que possui a escuta, o diálogo e a participação social como práticas norteadoras de suas ações.
Sobre o protesto iniciado na manhã desta segunda-feira (01), na Serra, a Renova informa que está aberta ao diálogo construtivo e respeitoso com todos os atingidos para avaliar as demandas em busca de soluções adequadas aos problemas postos, respeitados os limites de sua atuação e as leis brasileiras.
A Fundação reitera o seu compromisso na construção de medidas que contribuam para a promoção do processo de reparação. Por isso, a Renova coloca à disposição sua equipe de diálogo, bem como os canais de relacionamento, na Ouvidoria pelo telefone 0800 721 0717, via e-mail ouvidoria@fundacaorenova.org ou pelo site https://www.canalconfidencial.com.br/fundacaorenova.
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