Ana Paula Bonelli
Em novembro deste ano, o famoso painel que retrata a Serra Antiga e fica exposto numa parede ao lado da Praça do Encontro na Serra-sede completa onze anos de história. O desenho foi feito pelo maior pintor do município, Valter Assis, que faleceu no último dia 7 de outubro. Artistas e ativistas da Serra, querem que o mural que encontra-se desgastado pela ação do tempo seja restaurado. Também pede que a obra seja tombada como patrimônio histórico da cidade.
A pintura foi entregue por Valter em novembro de 2006 e mostra casarões da Serra, ruas e pessoas andando pela cidade na época da Serra Antiga. Acontece que como, o mural está num muro, a ação do tempo desgastou a pintura.
A presidente do Conselho de Cultura da Serra, Suzi Nunes, é uma das ativistas que pede o restauro e o tombamento da obra de arte. “O artista plástico Assis é o ícone das artes plásticas do município e o seu legado é para sempre, e tudo que ele fez deve ser restaurado e preservado. Há tempos o Conselho de Cultura vem solicitando a Secretaria de Cultura da Serra o tombamento e restauro, mas infelizmente ainda não fomos ouvidos. A nossa preocupação não é só com o painel, ele tem um acervo enorme que precisa urgente de restauro, pois se encontram em péssimo estado de conservação, algumas com molduras já danificadas pelo cupim e as telas com rasgos é um descaso”, destaca.
Suzi disse ainda que muito do que Assis realizou foi perdido, os grandes painéis que ornamentavam a cidade na época das festas religiosas do município, na Rua Cassiano tinha em seus muros retratados a imagens da Serra Antiga e foram perdidos.
O historiador e escritor, João Luiz Castello, presidente da Academia de Letras e Artes da Serra (Aleas) também cobra uma ação de restauro do painel. “A Aleas está junto com o Conselho de Cultura e queremos que a obra seja restaurada enquanto ainda há tempo. Assis era apaixonado pela Serra e retratava a cidade na antiguidade, a escravidão e a cultura daquela época. Precisamos preservar o que ele fez, em memória do que ele representa para este município”.
O fotógrafo Edson Reis, que era amigo pessoal de Assis, disse que está preocupado com a situação do mural.
“As obras de Assis são muito importantes para a cidade e temos que preservar. A ação do tempo é cruel e precisamos agir para não perder o pouco que restou da arte dele”, cobra o ativista.
Sem restauro
A reportagem questionou a Prefeitura da Serra sobre o tombamento e o restauro da obra de Assis e por meio de sua assessoria de imprensa o município disse que desenvolve um trabalho junto à Ufes e ao Iphan em um estudo técnico sobre as obras apontadas pelo Conselho de Cultura, objetivando o tombamento. Sobre o restauro do mural não respondeu.