Medalha de ouro no Campeonato Europeu 2023 de IBJJF, o atleta capixaba Bruno Altoé, de 30 anos segue em busca de mais títulos. E dessa vez o desafio para Bruno, que compete na categoria pesadíssimo, é o Campeonato Pan-americano de Jiu-Jítsu, no dia 25 de março, na Flórida.
Atualmente no Brasil afim de dar sequência aos treinos rumo a competição nos Estados Unidos, Bruno está com o foco total no próximo torneio, porém ainda tem fresco em sua memória os detalhes de sua última conquista do Campeonato Europeu, que ocorreu em Paris em Paris e reuniu os maiores nomes do esporte e melhores equipes do mundo.
O campeonato é o mais importante da região da Europa, dentro do Jiu-Jítsu. E representando o povo capixaba e brasileiro, Bruno Altoé iniciou 2023 com o pé direito, colecionando mais esse título importante para a sua carreira. No Jiu-Jítsu, ele já foi campeão mundial na Califórnia e campeão brasileiro em 2022.
A preparação do atleta foi bem feita, com dois treinos diários. Mas, duas semanas antes do campeonato, ele sofreu uma lesão na região lombar, que o tirou dos treinos na reta final. Mas, mesmo assim, ele seguiu firme.
Nessa competição ele enfrentou três adversários duríssimos, um da Rússia, um francês e a final com um inglês.
“Esse campeonato me deu uma grande lição! A resiliência esteve presente do início ao fim desse processo. Tive uma lesão que me afastou dos treinos na reta final, tive que começar uma corrida contra o tempo, para me recuperar o mais breve possível. Ao chegar no aeroporto, não consegui realizar check-in, que me gerou um transtorno mental gigantesco. E com isso, consegui embarcar apenas no dia seguinte para Paris, chegando apenas um dia antes do campeonato”, disse Bruno.
“Parecia que tudo estava conspirando negativamente. Com um frio massacrante de -2º, não tive tempo de me adaptar ao frio e nem ao fuso. A condição climática foi extrema para mim. Não consegui dormir direito na noite que antecedia o evento, tirei apenas um cochilo. Quando fui chamar o aplicativo de carro para ir ao ginásio, demorou quase uma hora para alguém aceitar a corrida. Estava ficando desesperado”, acrescentou Bruno.
“Quando cheguei ao ginásio, já estavam chamando meu nome no microfone para a área da competição. Na minha cabeça vinha uma voz e dizia: Putz, está dando tudo errado, por que meu Deus?! Mas, embora o contexto fosse desesperador, eu lembrava sempre do meu filho. Imaginei mentalmente a importância em eu dar exemplo de superação e resiliência para ele. Jamais devemos permitir que os problemas atrapalhem nossos sonhos. Na minha mente aparecia de forma fotográfica, um trecho bíblico sem que eu precisasse raciocinar: João 16:13 ‘Na vida tereis aflição, mas tende bom ânimo'”, relatou o atleta.
Em meio a esse turbulento contexto, Bruno Altoé foi para a sua primeira luta. Ele relatou que o vigor físico dos europeus é absurdo, os atletas são muito fortes. E outro problema que ele encontrou foi no tatame, que estava escorregadio demais. E ele estava tendo dificuldade para estabilizar alguma posição.
“Se eu não conseguisse estabilizar alguma posição, seria mais difícil a vitória. O tempo não passava, minhas articulações doíam, e como um insight mental de forma intrínseca, outro trecho da Bíblia vinha na minha cabeça: “Ainda que eu caminhe sobre o vale da sombra da morte, não temerei mal algum.” (Salmos 23:4). Consegui vencer a primeira luta e avançar na chave”, descreveu o capixaba.
Em sua segunda luta, toda pegada que ele fazia no quimono de seu oponente, parecia que seus dedos iam quebrar. Sua boca estava seca e começou a rachar e sangrar. Mas, ele conseguiu entrar uma queda e controlou a luta faltando um minuto para o fim. E assim, avançou para a luta final.
“Antes da final, precisei ir ao banheiro. Quando voltei, o rapaz que confere os quimonos, falou que eu não poderia usar mais o meu quimono, pois estava sujo de sangue. E eu não tinha outro, precisaria ir para a arquibancada para pedir alguém um emprestado. Mais uma vez, o desespero começava a tomar conta da minha mente. Mas, fui ao banheiro novamente, passei água onde tinha sangue e consegui diluir um pouco e voltei para tentar entrar para a luta final”, contou aflito o atleta.
“Consegui passar o quimono e fui para a luta. Travei um combate acirrado do início ao fim e consegui fazer dois pontos de queda no final da luta. Quando saí, passou um filme na minha cabeça, e todo perrengue que passei para chegar até ali… A felicidade transbordava, coisas que o dinheiro não compra. Naquela hora toda dor passava, a aflição acabava. E meu coração transbordou de alegria e gratidão”, concluiu Bruno.