A gestão do atual chefe do Executivo da Serra, Sergio Vidigal (PDT), terá que pagar uma dívida milionária deixada pelo ex-prefeito Audifax Barcelos (Rede). Trata-se de valores ainda não quitados da obra do Hospital Materno Infantil, em Colina de Laranjeiras. Ao todo, foram gastos R$ 118 milhões par construir a unidade hospitalar – que foi entregue incompleta ao Governo do Estado. Deste valor, cerca de R$ 20 milhões ainda precisam ser pagos, sendo que R$ 7 milhões são do governo Federal e R$ 13 milhões sairão do caixa municipal. As afirmações foram concedidas por Vidigal durante entrevista exclusiva ao TEMPO NOVO.
De acordo com o atual prefeito, esse foi o ‘legado’ deixado por Audifax para a nova gestão. Em conversa com a reportagem em seu gabinete, na última quarta-feira (14), Vidigal ainda explicou que o dinheiro do governo Federal, até o momento, não foi enviado para a cidade e, os outros R$ 13 milhões, precisarão ser pagos pelo Município.
“Se eu perguntar quanto custou o Hospital Materno Infantil; todo mundo acha que foi R$ 63 milhões, mais o aditivo. Mas ele custou R$ 118 milhões. Então hoje, entre o que falta do Governo Federal, recurso próprio e o que a empresa cobra de aditivo, falta pagar quase R$ 20 milhões da obra. É um legado [deixado por Audifax]. São R$ 7 milhões do Governo federal, que está empenhado, mas o financeiro não chegou, e o restante [R$ 13 milhões]é parte do Governo municipal”.
Questionado mais uma vez pela reportagem, Vidigal confirmou: “o ex-prefeito Audifax deixou R$ 13 milhões do Hospital Materno Infantil para a nova gestão pagar”.
Conforme já informado anteriormente pelo TEMPO NOVO, o ex-prefeito da Serra entregou a obra do Materno Infantil no final de 2020. Entretanto, a unidade não foi inaugurada, pois o Município não teria condições financeiras de manter o hospital em funcionamento, já que seu custo anual se aproxima do valor gasto em toda a construção. Desta forma, Audifax resolveu entregar o Materno para o Governo do Estado, que assumiu a responsabilidade pelo funcionamento de todo o espaço.
Em nenhum momento, durante a entrega da obra, Audifax alertou sobre a dívida que seria deixada por sua gestão. Outra situação não explicada à população é a falta de equipamentos, mobiliários e ajustes na estrutura do Materno Infantil – todos os custos que precisaram ser bancados pelo governo de Renato Casagrande (PSB).
Faltou responsabilidade de Audifax com o dinheiro público, afirma Vidigal
Durante a entrevista concedida ao TEMPO NOVO, Sergio Vidigal também criticou obras feitas por Audifax e entregues rapidamente, mas que já apresentaram diversos problemas. Entre elas, por exemplo, está a Rotatória de Maringá – que está sendo refeita devido desabamento de calçada e parte do asfalto em sua primeira forte chuva, ocorrida no mês passada. O chefe do Executivo também disse que Audifax foi irresponsável com o dinheiro público.
Questionado pela reportagem sobre o que será feito para solucionar estes problemas deixados pelo seu antecessor, Vidigal ainda disse que, em muitos bairros, pavimentação feita em menos de dois anos já está soltando e deixando diversos buracos. O Município está acionando as empresas, exigindo os reparos e deixando para que a empresa arque com todos os custos do conserto.
“Estamos agora acionando as empresas que executaram as obras, exigindo delas que possam refazer as obras. O caso da rotatória de Maringá, a empresa, nós vamos botar o boleto lá para que ele possa honrar. Agora nós estamos propondo que nas novas obras do município, quando terminar, tem que ter uma certificação da prefeitura sobre a qualidade da obra, um selo de certificação de qualidade. Se [a empresa] não tiver o selo não recebe o restante e está proibido de participar de licitação de obras na cidade”, destacou.
Vidigal ainda afirmou que Audifax faltou com responsabilidade com o dinheiro público e destacou que fazer obras ‘correndo demais’ pode causar grandes riscos e deixar o serviço mal feito.
“Acho que faltou por parte do gestor [Audifax] uma responsabilidade com o dinheiro público. Uma coisa: quem faz a obra não é o prefeito, é o município; não tem dinheiro meu nesse negócio, e nem do ex-prefeito. O dinheiro é do município; tem que ter cuidado com o que faz com o dinheiro público. Se faz correndo demais, não adianta, corre o risco de fazer mal feito. De repente o tempo de maturação, de acomodar o solo, depois vir com a primeira camada, tem seus prazos. Inauguramos a Arena Cultural e Esportiva Riviera; se tivesse competição [prevista] não iria poder acontecer, porque não tem o placar”, disse.
O ex-prefeito da Serra, Audifax Barcelos, foi demando pela reportagem do TEMPO NOVO para que pudesse se pronunciar sobre as acusações de Vidigal, mas não retornou.