A eleição para prefeito é em outubro do ano que vem. O pontapé da disputa é julho, quando começam as campanhas, mas as articulações já estão em curso: pré- candidatos a prefeito e a vereador estão focados no assunto. Já no dia 1º de outubro termina o prazo de filiação partidária para quem deseja disputar o pleito.
O cenário que se apresenta agora é o prefeito Audifax Barcelos (PSB) disputando a reeleição e o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT) tentando um quarto mandato. Tem também o PT apostando no deputado federal Givaldo Vieira; os tucanos abrindo as portas para o ex-deputado Vandinho Leite e o barulhento Osvaldino Marinho (sem partido), líder sindical dos servidores municipais, entrando nesse bolo.
Tem mais, se o PSD quiser marcar uma presença, o presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores, Lauro Rabelo, já colocou seu nome à disposição. E por último, e bem discreto, o corretor de imóveis e líder comunitário Gilson Mesquita anda em busca uma sigla que o abrigue para entrar no páreo.
Isso sem considerar Bruno Lamas (PSB), político jovem, mas experiente, que conquistou a única vaga entre os serranos na Assembleia Legislativa. Confirmando esse cenário, seguirá a polarização entre Audifax e Vidigal. Mas o potencial dos demais candidatos pode jogar a disputa para o segundo turno.
Mas há alguns sinais de uma potencial conjuntura, a princípio surpreendente, que poderia reverter num realinhamento entre Audifax e Vidigal. Quem aposta nessa tese já antecipa o resultado como uma vitória para Serra, que se fortaleceria politica e administrativamente. Há fatos objetivos que servem de sinais para a busca desse acordo.
Um deles é que há uma movimentação na política estadual na qual Vidigal pode emergir forte como candidato ao Senado, na eleição de 2018, conforme sinais vindos do Palácio Anchieta e que já reverberam por outros rincões onde o espírito do poder transita.
Um outro fato é que o próprio Vidigal vem dando sinais de que está cada dia mais difícil ser prefeito, inclusive circulou nas redes sociais uma declaração atribuída a ele dizendo ‘que só louco para ser prefeito nos dias atuais’.
Entre o louco, o estelionatário e o estadista
Para arrematar, ainda há outro fator que pode pesar na disposição de Vidigal. É que ele estará cumprindo o acordo que fez com o eleitorado: o de ser deputado federal. Quem votou nele, votou para esse cargo, não votou para ele sair no meio do caminho para voltar à Prefeitura da Serra. Afinal, nessa altura da sua trajetória política, vitoriosa diga-se de passagem, não pega bem a pecha de “estelionatário eleitoral”.
Se isso realmente vier acontecer, Vidigal estará dando um passo atrás para dar dois na frente. Ele estará abrindo mão de disputar uma eleição na qual pode ganhar, mas pode perder de ganhar uma musculatura para disputar uma das duas vagas ao Senado em 2018. Com o eleitorado que tem na Serra somado ao apoio de um prefeito aliado, Vidigal sai da Serra com 20% dos votos que precisa para ser eleito. Sem loucura, briga, sem perseguição, sem denúncias, com pouco investimento em campanhas bem mais baratas e com muita harmonia.
Tudo que Vidigal precisaria é sair de casa – tranquilo e seguro – para percorrer os outros municípios em busca da diferença dos votos para garantir a sua vitória.
Se acontecer, a Serra será a grande vitoriosa, já que a rivalidade entre os dois atrapalha a cidade. E para faz gastar muita energia, tempo e recursos apagando os ‘incêndios’ provocados por aliados de ambos os lados, encarecendo a política.
E o que falta para essa reaproximação entre Audifax e Vidigal? Um interlocutor que promova esse acordo entre eles. Esse acordo pode ser difícil, mas não é impossível, até porque a política é um território onde o improvável acaba sendo tecido com paciência e sabedoria.
Poderá ser essa a fase em que a Serra, que já assumiu a liderança econômica capixaba, fazer o mesmo na política. Audifax e Vidigal estariam então inscritos na seleta lista histórica de estadistas do Espírito Santo.
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