Audifax repete 2016: sensibilizar eleitor pela doença e criar imagem de grande gestor honesto

Audifax durante caminhada na campanha de 2022. Crédito: Divulgação

Análise: faltando 20 dias para o eleitor capixaba ir às urnas, a eleição de 2022 deve se potencializar muito pelos próximos dias. Neste final de semana, uma gama de candidatos esteve nas ruas da Serra para convencer o eleitor de que é digno do seu voto. Este ano, está na disputa ao Palácio Anchieta o ex-prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede/Psol).

Naturalmente, ele é quem tem tido o maior volume de campanha eleitoral na Serra, já que grande parte da militância e dos candidatos proporcionais mais articulados, pertencem ao município.

Quando o ex-prefeito está se dedicando presencialmente em outra cidade; na Serra a estratégia parece ser a manutenção dos votos exatamente por meio da militância. Nesta sábado (10), por exemplo, a atual vereadora Elcimara Loureiro ficou a manhã toda em cima de um trio elétrico estacionado na entrada de Laranjeiras com a BR-101 (em frente ao EPA). Forte apoiadora de Audifax, Elcimara estava acompanhada da candidata à vice, Tenente Andressa.

Quem assina a campanha do ex-prefeito da Serra é a marqueteira Jane Mary, que também foi à idealizadora da campanha do 2º turno em 2016 que reconduziu Audifax para a Prefeitura após vencer do então adversário, Sérgio Vidigal (PDT). Naquela campanha, Audifax tinha acabado de receber alta no antigo Hospital Metropolitano (atual Meridional), local em que ficou internado durante todo o 1ºturno em decorrência do agravamento de uma pneumonia.

Após assumir a campanha de Audifax já perto da virada entre o 1º e 2º turno de 2016, Jane Mary se encarregou desenvolver a estratégia de sensibilização do eleitor; Audifax passou a se autointitular como um “milagre”; que teria o dever divino de ser prefeito, já que Deus te possibilitou “viver novamente”; ou seja, ele estava predestinado.

Na outra ponta, a militância ia em massa para as ruas, com um discurso de desconstrução do candidato Sérgio Vidigal, tentando emplacar uma narrativa de dicotomia no quesito gestão: Jane Mary deu uma roupagem do “Audifax Ficha Limpa” que precisou “arrumar a casa” [Prefeitura] que teria sido deixada em frangalhos por Vidigal; e que de lá em diante seria o grande gestor “campeão de obras”.

Narrativas que desceram muito bem na cidade e consagraram-no prefeito pela 3ª vez. Agora, como candidato a governador, a receita eleitoral parece similar. Jane Mary tem explorado a tentativa de sensibilização do eleitor com o caso da doença de 2016; entretanto, com um tom mais saudosista, de superação de desafios e de profundidade espiritual, porém, mantendo em algum nível um sentido de predestinação a vitória.

Em um vídeo, Audifax aparece sentado em uma padaria, conversando com Tenente Andressa; como se estivessem conhecendo melhor um ao outro. Ela seria a representação de um capixaba ‘não-serrano’, ou seja, aquele que não conhece ou conhece muito pouco dos fatos ocorridos em 2016. Em determinado momento, Audifax chega a chorar.

Na imagem do ‘Audifax Gestor’, a campanha também apresenta similares muito visíveis com a de 2016. No entanto, dessa vez, ele é mais o candidato que “transformou a Serra”, que deu dignidade e orgulho ao morador da Serra. Essa narrativa parece ter sido feita em especial para atrair eleitores de Cariacica, cidade em que Audifax tem incursionado bastante. Isso se explica porque pesquisas qualitativas apontam que o morador da Cariacica tem uma espécie de alter ego com a Serra.

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Além do gestor transformador e eficiente, vendido da mesma forma que em 2016, a campanha do ex-prefeito vai para o campo da desconstrução do adversário. Só que com mesma virulência. Porém, assim como Vidigal em 2016, o candidato Renato Casagrande tem sido alvo de críticas bem contundentes. Talvez a diferença estruturante, seja na questão ideológica da coisa. Este debate nunca foi feito entre Audifax e Vidigal; mas dessa vez, o ex-prefeito tem feito isso, puxando para uma tese de que Casagrande teria governado idelogicamente e por isso, prejudicado o ES na relação com Bolsonaro.

Além deste, Audifax tem dado ênfase em três eixos contra Casagrande: 1 – segurança pública, da qual Audifax já disse que o Espírito Santo vive em um estado de “guerra” (daí a escolha da vice militar); 2 – o tal do ‘toma lá da cá’, que já foi internalizado pelo eleitor como um ato imoral nas relações políticas institucionais, que beiram o limite do ilegal, ou seja, da corrupção. Em que o ex-prefeito acusa existir em grande escala no ES; 3 – e pintando Casagrande como um gestor que rasga dinheiro – que “faz poupança” enquanto a “população sofre”, ou seja, alguém “sem coração”.

Em 2016, o jogo era mais em baixo; a guerra comia solta, mas em síntese passava por isso: um Audifax ético e moral, eficiente, protetor e humano, que, sobretudo era uma antítese ao adversário.

Dessa vez, Audifax esbarra no tamanho do eleitorado, no espalhamento dele (apesar de quase 50% estar em apenas 4 cidades) no baixo recall, no pouco tempo de TV e na pouco militância se comparado com o atual governador, que lidera as últimas pesquisas eleitorais publicadas.

Vale ressaltar que Casagrande e Audifax advêm de matrizes políticas muito próximas, aliás, ambos já foram secretários municipais de Vidigal. Casagrande já apoiou Audifax e Audifax já apoiou Casagrande. Na verdade, Audifax já foi do partido de Casagrande, o PSB. Entretanto, o destino e os interesses os colocaram de lados opostos dessa vez.

O ex-prefeito conta com uma expectativa de ter muitos votos na Serra (compreensível); agregar votos de eleitores de Cariacica (possível), pulverizar votação nas demais cidades e puxar votos de Bolsonaristas que não se sentem representados pelo candidato Carlos Manato, de quem inclusive, a vice de Audifax, a Tenente do Corpo de Bombeiros Carla Andressa está escalada para descer a lenha. Tudo isso em uma narrativa da campanha de 2016 repaginada. Faltam 20 dias para isso dar certo ou não.

Levando em consideração que o ‘errado’ tem variações: se Audifax não for ao segundo turno, porém apresentar um bom desempenho; de uma forma ou de outra terá dado certo. Se ele for mal, pode sair menor; assim como Vidigal saiu em 2006 quando disputou contra Paulo Hartung, que foi reconduzido ao cargo de governador por quase 80% dos capixabas.

Bastidores da campanha de Casagrande apontam que existe um acompanhamento e uma atenção próxima dos movimentos do ex-prefeito, porém, não estão tão preocupados com Audifax. A eleição vai afunilando e é necessário avaliar como os indecisos irão se comportar, novamente, eles irão decidir o resultado. É para este segmento que informações de bastidores da campanha de Audifax sinalizam.

Yuri Scardini

Morador da Serra, Yuri Scardini é repórter do Tempo Novo. Atualmente, o jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a editoria de política.

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