O ex-prefeito da Serra, Audifax Barcelos está em busca de um partido para se abrigar politicamente. Desde 2022, ele foi ‘convidado a se retirar’ da Rede Sustentabilidade, em decorrência da sua decisão de apoiar o então candidato Carlos Manato na disputa de 2º turno ao Governo do Estado. Com movimentos acelerados na Serra, caminhadas em bairros e visitas junto a lideranças de diversos segmentos, Audifax é considerado por muitos como pré-candidato a prefeito em 2024, e obviamente, precisa de uma sigla partidária.
Mesmo que durante sua vida pública, o ex-prefeito não tenha tido o costume de se utilizar de narrativas eleitorais de caráter ideológico, é verdade que Audifax advém de uma longa caminhada em partidos de esquerda, e após a guinada para a direita bolsonarista em 2022, deu um giro de 180° em seu histórico partidário. O ex-prefeito iniciou sua jornada no PT, passando pelo PDT, PSB e por fim Rede Sustentabilidade.
Nada muito diferente do que muitos outros direitistas que tiveram filiações em siglas de esquerda. Para citar um aqui, o próprio Carlos Manato que exerceu mandatos de deputado federal pelo PDT. É certo que essa polarização ideológica se potencializou nos últimos anos. Talvez, pode-se argumentar que Audifax está ‘chegando tarde demais’ para se ‘converter’ ao bolsonarismo? É uma pergunta a ser respondida, entretanto antes de fazê-la o ex-prefeito precisa objetivamente conseguir uma filiação.
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Diante de informações de bastidores, o ex-prefeito começou tentando o PSD, que até algum tempo atrás contava com a influência do ex-governador Paulo Hartung (sem partido), de quem Audifax tem certo trânsito. Mas não passou de uma tentativa frustrada… até porque Hartung (parece) que está em outra fase, desfrutando de uma vida confortável fora da política partidária-eleitoral.
Audifax bateu na porta de outros partidos, entre ele o PP; fez conversas com o deputado Da Vitória… mas, não rendeu. O governador Renato Casagrande (PSB) colocou o pé na porta e o prefeito Sergio Vidigal (PDT) se encarregou de chutá-la. Durante essa semana, Vidigal trouxe o presidente estadual do PP, Marcos Vicente aqui na Serra, e fechou uma parceria partidária entre PDT e PP.
Audifax também já recebeu convite do PSDB, do deputado Vandinho Leite; mas aí o jogo é mais jogado, já que Vandinho é da Serra e o cenário para 2024, naturalmente, está bastante indefinido. Eis que Audifax começa a se achegar com o PL, de Bolsonaro. Na Serra, o partido está com o vereador Igor Elson; no que pesa já terem sido muito mais próximos, Igor não tem dificuldade com Audifax, muito pelo contrário. Como liderança estadual sem mandato, Manato é um apoiador de Audifax; e inclusive defende o nome de Audifax.
Mas em termos práticos, o ex-prefeito precisa da benção do senador Magno Malta. O engasgo está aí. Audifax e Magno nunca foram necessariamente próximos. Tem outra questão, tratada internamente na cozinha de Magno Malta, que aponta o senador como um crítico pessoal da postura de Audifax no racha com Vidigal, oficializado em 2008. Até hoje o senador teria ‘um pé atrás’ com o ex-prefeito, coisa que Audifax teria que quebrar. Esse racha tem diferentes versões em diferentes tonalidades, mas pelo que parece, Magno assim como outros, entendem que foi uma… deslealdade… por assim dizer.
Objetivamente falando, existe uma tentativa de aproximação de Audifax, informações confirmadas de ambos os lados, o que não é necessariamente uma surpresa após 2022. Como Audifax é jogador, há também um ‘namoro’ dele com o MDB. Inclusive no momento em que este artigo foi publicado (dia 16 de março), o ex-prefeito está em Brasília tratando de uma possível filiação ao MDB.
Todo esse movimento do ex-prefeito só vai solidificando a condição de pré-candidato a prefeito. Depois do baque em 2022, Audifax mergulhou, juntou os cacos, refez caminhos com muita gente, em especial com os adversários de Vidigal. O PL pode ser um caminho para o prefeito? Pode ser, mas antes ele precisa criar laços com Magno Malta e mensurar a força da nacionalização da eleição local. De qualquer forma, filiado ou não no PL, Audifax optou por uma guinada a direita, e neste sentido, o PL pode ser muito importante aliado durante o processo.
Entende-se que o quê ele quer é encher de candidatos (assim como Vidigal aparenta querer), para fragmentar os votos de todo mundo, fazendo com que o recall leve-o para o segundo turno junto com Vidigal, protagonizando a última (?) disputa com seu adversário umbilical antes que o cansaço do eleitor serrano sobrepuja a história vitoriosa de ambos com a Serra.