A Serra possui extensas faixas de áreas alagadas e de mata atlântica em todo o seu território o que faz da cidade uma região rica em fauna e flora. E foi dando uma volta pela praia da Chaleirinha, em Manguinhos, que o fotógrafo Hilton Monteiro Cristovão, do clube Avis Vigilanti flagrou uma ave muito diferente das vistas em terras serranas, a maçarico-de-asa-branca (Tringa semipalmata). De acordo com o ambientalista é a primeira vez que essa espécie é documentada no município.
O Clube Avis Vigilanti reúne fotógrafos que registram a vida selvagem e o flagra em Manguinhos ocorreu no último dia 5. “Eu estava passeando no balneário de Manguinhos, na Praia da Chaleirinha, com a minha sogra D. Felicina e meus cunhados Teomar e Mara que vieram de Cuiabá-MT, quando vi uma ave solitária nas pedras do recife de corais. Era um maçarico e percebi imediatamente que as pernas não eram amarelas”, disse Hilton.
Intrigado, o fotógrafo não perdeu tempo e fez o registro. “A maioria das espécies de maçaricos grandes (gênero Tringa) que ocorrem no Brasil tem as pernas amarelas. Então conclui que eu estava diante de uma ave muito diferente, fiz algumas dezenas de fotos e mais tarde em casa usando um guia de aves eu consegui identificar. Tratava-se do maçarico-de-asa-branca (Tringa semipalmata).”
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Segundo Hilton até então não haviam registros em plataformas de compartilhamentos como o SiBBr, o iNaturalist e outras consultadas sobre a aparição da maçarico-de-asa-branca. “Assim eu publiquei na plataforma iNaturalist que agrega pesquisadores do mundo inteiro para registrar o flagra”.
A bióloga Gabrielle Tavares de Bortolo cita que “essa ave é migratória, ela se reproduz no norte da América do Norte, principalmente na província de Terra Nova no extremo do Canadá no Oceano Atlântico, quando acontece o inverno lá, ela foge do frio rigoroso e migra para passar o verão aqui no Hemisfério Sul aparecendo no Brasil”.
Gabrielle ressalta que “essa espécie de ave é uma das maiores do gênero Tringa e a envergadura da asa chega a 70cm. Uma das chaves de identificação dessa espécie é o ventral da asa (embaixo) ser branco e preto como nessa foto”.
Gabrielle disse também que “essa ave é limícola, do latim limus, significando que vive no limo, lodo ou lama onde procura alimentos”.
Já a bióloga Joseany Trarbach, da Coordenação da Fauna do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) ressalta que “a ave se alimenta principalmente de pequenos caranguejos como o xexéu, também conhecido como chama-maré, mariscos e invertebrados como o tatuí, que precisam de ambientes saudáveis para sobreviverem”, disse a especialista.
Joseany pontuou ainda a importância de se resguardar o exuberante ecossistema de restinga. “Que é constituído por uma variedade de ambientes naturais, como praias, costões rochosos, lagoas, alagados, dunas e diferentes fitofisionomias (flora típica de uma região) da restinga, constituídas por comunidades herbáceas, arbustivas ou arbóreas que formam um mosaico com diferentes formações vegetais. Portanto essa restinga preservada gera alimentos que atraem esses viajantes de terras longínquas”.
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