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Cão em Foco
Iris Melo dos Santos Cunha Bacharel em Medicina Veterinária pela Faculdade Brasileira Multivix Pós Graduada em Patologia Clínica pela Faculdade Qualittas Médica Veterinária responsável pelo setor de internação

Babesiose canina: uma doença parasitária grave e comuns desafios no tratamento

A babesiose canina é uma doença parasitária transmitida por carrapatos que afeta cães em diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil. Causada por protozoários do gênero Babesia, a doença é conhecida por provocar sérios danos à saúde do animal, atingindo principalmente as células vermelhas do sangue, resultando em anemia grave, icterícia (coloração amarelada das mucosas e da pele) e outros sintomas que podem ser fatais se não diagnosticados e tratados a tempo.

O Ciclo da Doença

A babesiose tem um ciclo de transmissão complexo que envolve o carrapato como vetor. O processo começa quando um carrapato infectado se alimenta do sangue de um cão, transmitindo as formas infectantes do parasita (piroplasmas) para a corrente sanguínea do animal. Uma vez no sangue, as piroplasmas invadem as células vermelhas, onde se multiplicam e causam a destruição dessas células, levando à anemia e outros danos.

O carrapato, após se alimentar do sangue infectado, se torna um hospedeiro do parasita e pode transmitir a doença para outro cão em um ciclo contínuo. A transmissão também pode ocorrer de uma mãe infectada para seus filhotes, embora essa forma seja menos comum.

Sintomas

Os sintomas da babesiose podem variar de leves a graves, dependendo do estado do sistema imunológico do cão, da intensidade da infecção e da rapidez com que o tratamento é iniciado. Entre os sinais mais comuns da doença estão:

Febre alta: o aumento da temperatura do corpo é um dos primeiros sinais de infecção.

• Anemia: devido à destruição das células vermelhas do sangue, o cão pode apresentar fraqueza, palidez nas mucosas (boca, gengivas e olhos) e fadiga excessiva.

Icterícia: a cor amarelada nas gengivas, olhos e pele ocorre devido ao aumento da bilirrubina no sangue, que é resultado da destruição das células vermelhas.

Vômitos e diarreia: sintomas gastrointestinais são comuns em casos mais graves.

• Falta de apetite e perda de peso: o cão pode apresentar sinais de desinteresse por comida e emagrecimento progressivo.

Dificuldade respiratória: em casos mais graves, a falta de oxigenação devido à anemia pode causar respiração ofegante.

É importante observar que os sinais podem surgir de forma gradual ou súbita, e os cães mais afetados podem entrar em choque, o que representa uma emergência veterinária.

Diagnóstico

O diagnóstico de babesiose é feito por meio de exames laboratoriais. Testes sorológicos também podem ser utilizados para detectar anticorpos contra Babesia.

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Além disso, exames como hemograma e biópsia de medula óssea podem ser realizados para verificar a gravidade da anemia e descartar outras possíveis doenças. A identificação precoce é essencial para evitar danos irreversíveis ao organismo do cão.

Tratamento

O tratamento da babesiose pode ser complexo, dependendo da gravidade da doença. O objetivo principal é eliminar o parasita do organismo do cão e aliviar os sintomas. O tratamento inclui:

• Antiparasitários

Transfusões sanguíneas: em casos graves de anemia, a transfusão de sangue pode ser necessária para estabilizar o cão e fornecer oxigênio suficiente aos órgãos.

Antibióticos e anti-inflamatórios: para tratar infecções secundárias e reduzir inflamações no organismo.

• Fluidos intravenosos: para hidratação e apoio ao sistema circulatório.

O tratamento precisa ser iniciado o quanto antes, uma vez que a babesiose pode rapidamente comprometer o funcionamento dos órgãos vitais e levar à morte do animal.

Prevenção

A prevenção da babesiose canina é focada no controle dos carrapatos, que são os principais transmissores da doença. Algumas medidas eficazes incluem:

Uso de medicamentos anti-carrapatos: coleiras, shampoos e soluções tópicas que repelem ou matam os carrapatos.

• Inspeção regular do cão: verificar frequentemente a presença de carrapatos, especialmente em áreas endêmicas, como áreas rurais e florestais.

• Ambiente controlado: manter o ambiente do cão livre de carrapatos, eliminando ervas altas e criando condições adequadas para reduzir a proliferação desses parasitas.

Conclusão

A babesiose canina é uma doença que exige atenção constante dos tutores, pois os carrapatos são onipresentes em diversas regiões, especialmente nas épocas mais quentes e úmidas. A combinação de diagnóstico precoce, tratamento adequado e medidas preventivas rigorosas é fundamental para garantir que os cães não sejam vítimas dessa doença grave e potencialmente fatal.

Manter os cães protegidos contra carrapatos, realizar visitas regulares ao veterinário e estar atento a quaisquer sinais suspeitos são ações essenciais para a saúde e o bem-estar dos nossos animais de estimação.

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