Uma sereia, uma harpia, um fauno e uma medusa. Essas figuras mitológicas são ponto de partida para “Sirena”, mais novo solo de dança da bailarina Ivna Messina, que estreou no último dia 10 de setembro em Domingos Martins e agora chega ao município de Serra. “Sirena” terá apresentação única neste sábado (24), às 19h, no Centro Cultural Eliziário Rangel, em São Diogo, na Serra.
Além da encenação no palco do Eliziário, vai ter também oficina de Criação em Dança com a bailarina, no mesmo dia e local na parte da manhã.
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O espetáculo, dirigido por Alexsandra Bertoli, tem como eixo o hibridismo presente em seres da mitologia greco-romana que são parte humanos e parte animais, mesclando-se ao flamenco – arte a que Ivna se dedica há 22 anos –, ao teatro e a uma trilha sonora especialmente composta para o trabalho, com direção musical de Letícia Malvares.
Já a Oficina de Criação em Dança tem como princípio partilhar os processos de criação do espetáculo “Sirena”, propondo que participantes desenvolvam pequenas criações híbridas de sua autoria. Não é necessário ter experiência prévia.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas através de formulário disponível no link clicando aqui a seguir até o dia 22 de setembro.
Ivna Messina pesquisa a relação do flamenco com outras expressões artísticas. Com esse foco, criou em 2012 o projeto “Isso não é flamenco”, em que convida outros artistas, de diferentes áreas, para experimentar esse atravessamento de linguagens. Terceiro solo da artista, “Sirena” também segue por essa linha, ainda que seja bem diferente de seus trabalhos anteriores.
“Eu trago a experiência do corpo flamenco e da lida com esses elementos, essa gestualidade, que é muito marcada, muito expressiva, as linhas, o trabalho de mãos, os giros, e essa técnica é utilizada majoritariamente de maneira não tradicional no trabalho. O flamenco, portanto, está presente como técnica e matéria, mas ele não é utilizado de maneira tradicional, então, junto a isso, a gente tem também técnicas de dança contemporânea e coisas relacionadas ao teatro e à música”, explica.
Em “Sirena”, essa contaminação extrapola o universo da linguagem e aparece na criação de figuras mitológicas híbridas, em imagens sugeridas a partir de elementos característicos do flamenco, como a bata de cola – que, por exemplo, se transforma no rabo da sereia –, o xale – que se relaciona com as asas de uma harpia –, ou ainda o sapateado – que remete ao casco do fauno. Para além de questões meramente estéticas, essas mesclas também se abrem a temáticas transversais contemporâneas e apontam posicionamentos e escolhas políticas, como o debate sobre a marginalização de figuras híbridas na sociedade de modo mais amplo, os “purismos” de várias ordens e a representação da mulher.
Para a diretora Alexsandra Bertoli, todos que participam do núcleo de criação, cada um em sua função, ajudam a tecer sentidos e são estimuladores para a construção do espetáculo, que surgiu de uma proposta pessoal de Ivna. “A relação da intérprete-criadora com os elementos cênicos, a apropriação, a ressignificação deles, vai ajudando a gente a construir esses outros híbridos que a gente quer, vai gerando esse lugar de constante transformação durante o espetáculo inteiro”, destaca Alexsandra.
Data: Serra – 24 de setembro
Horário: 9h às 12h: Oficina (LOCAL: CENTRO CULTURAL ELIZIÁRIO RANGEL – Rua Humberto de Campos – São Diogo I)
19h: Apresentação (LOCAL: CENTRO CULTURAL ELIZIÁRIO RANGEL – Rua Humberto de Campos – São Diogo I). Entrada gratuita.
FICHA TÉCNICA
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