Este texto é uma adaptação do Jornal Tempo Novo, originalmente escrito pelo morador Renato Ribeiro; filho de uma das primeiras famílias a se instalar em Barcelona.
Galos cantando, galinhas cacarejando e desfilando tranquilamente em um vasto campo aberto cercado de uma área verde repleta de pássaros, animais silvestres e dezenas de nascentes desaguando numa despoluída e linda lagoa. Esse era o início do bairro Granjas Novas, hoje, conhecido como Barcelona.
Neste dia, 15 de setembro a comunidade completa 38 anos de fundação; essa data não é reconhecida oficialmente pela Prefeitura da Serra, no entanto, apesar da ausência de uma legislação específica da institucionalidade municipal, o 15 de setembro é a data que ficou marcada na cultura popular e no calendário da comunidade.
Barcelona é um dos bairros mais pioneiros da Serra. O que pouca gente sabe, é que o início dessa comunidade tem origem numa propriedade destinada à criação de aves para abate, o que acabou dando origem ao seu primeiro nome, Bairro Granjas Novas.
Vendido para uma loteadora, a Coopsindi, o local foi inaugurado e entregue aos novos moradores no longínquo ano de 1984; o conjunto residencial continha 3.112 unidades residenciais, que foram adquiridas na época principalmente por ferroviários, portuários e metalúrgicos provenientes em especial da Vale do Rio Doce e da CST.
A inauguração oficial e a entrega das chaves estavam previstas para o mês de agosto daquele ano, mesmo período onde estava programada uma visita do Rei da Espanha, Juan Carlos, ao Espírito Santo, mas precisamente para visitar a empresa Aracruz Celulose (atual Suzano), no município de Aracruz.
Em função da ilustre visita, os moradores da comunidade que já não se agradaram com o primeiro nome recebido pelo bairro (Granjas Novas), propuseram a mudança do nome do bairro para Barcelona, em homenagem a cidade catalã, e convidaram o Rei Juan Carlos para inauguração do bairro e entrega das chaves.
Mesmo com as expectativas frustradas em virtude do não comparecimento do Rei, que acabou não vindo ao Estado em virtude de outros compromissos, os moradores mantiveram o nome da cidade espanhola e inauguraram o bairro com a presença do então Ministro do Trabalho da época, Mário Andreaza.
Surge então em setembro de 1984 o Bairro Barcelona, que somente um ano depois recebe seu primeiro transporte coletivo que passava de uma em uma hora, e ia até a rodoviária de Vitória. Até então, os moradores tinham duas opções, ou pegavam um transporte clandestino que passava no bairro ou andavam a pé até a BR-101 para pegar algum coletivo que passasse por ali.
No retorno do trabalho era a mesma luta. Os moradores desciam na BR e vinham andando em grupos pelo tobogã até o bairro e muitas amizades surgiram dessa forma, durante o percurso do tobogã até as residências.
Cercado por uma área de vegetação densa e murada com arame farpado, em seus primeiros anos, Barcelona possuía na entrada do bairro uma guarita com a presença de uma espécie de guarda patrimonial. Os moradores e visitantes deveriam apresentar seus documentos para entrar no bairro, o que dava uma maior sensação de segurança aos moradores algo que acontece hoje nos condomínios espalhados pela cidade.
O que dividia uma residência de outra era um pequeno muro de aproximadamente 80 centímetros, que permitia aos moradores verem tudo que acontecia nos quintais de seus vizinhos e inclusive ter a visão de outras ruas ou avenidas.
Como praticamente não existia comércio no bairro, era comum os moradores venderem produtos em suas residências. As manhãs eram anunciadas com a buzina da carroça do leiteiro ou da bicicleta do vendedor de pães que passava rua por rua vendendo seus produtos.
Os finais de semana de sol eram de churrasco a beira da lagoa Jacunem ou de diversão com a família no Club do bairro, que possuía piscina adulta, piscina infantil, quiosque e quadra de esportes, local onde hoje é a APA Jacunem e o Centro de Triagem de Animais Silvestres – Cetas.
É difícil um morador antigo do bairro não sentir saudade dos desfiles de 7º de setembro, das corridas de kart ou bicicross que movimentavam o bairro nos finais de semana. Das antigas praças com seus brinquedos em madeira maciça e seus gramados onde a criançada jogava futebol. Das matinês do centro comunitário ou das festas de aniversário realizadas pela Rádio Tropical. Ou dos bailes de carnaval ou desfile de blocos que animavam toda a comunidade durante esse período.
Passaram-se 38 anos, e muita coisa mudou. Mas o que ficou é o amor por Barcelona, um bairro acolhedor, feito de gente trabalhadora, honesta e que não se deixa abater com os problemas. Barcelona.
Em 1994, o ex-prefeito da Serra João Batista da Motta sancionou a Lei 1794 que oficializou o nome ‘Barcelona’, ou seja, somente 10 anos depois da decisão tomada pela antiga comunidade de Granjas Novas. Em 2013, o ex-prefeito Audifax Barcelos sancionou a Lei Nº 4.126 que incluiu no Calendário Oficial de Eventos da Serra, a realização da Festa de Aniversário do Bairro Barcelona. De acordo com a redação da Lei, a festa deve ocorrer anualmente, sempre no último final de semana do mês de setembro.
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