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Mestre Álvaro
Yuri Scardini é autor do livro 'Serra: a história de uma cidade' e escreve sobre política e economia

Bastidores do Poder: as quentes e movimentadas articulações na Serra para 2024

Serra
Crédito: Divulgação

Nas últimas semanas, as movimentações internas na política da Serra deram uma arrefecida, após um início de ano bastante acelerado. Com um cenário mais estável, é possível montar uma espécie de raio-x político-partidário que pode dar um caminho para tentar antever as possibilidades de 2024. Naturalmente, muita coisa pode (e certamente vai) mudar, mas começa a dar luz, pois antes das candidaturas se estabelecerem, os arranjos partidários são as etapas fundamentais, até porque ninguém é candidato a prefeito sem partido, sem chapa de vereadores para dar suporte à campanha, sem acesso a recursos e estrutura.

Importante dimensionar pelo menos dois itens fundamentais: 1 – o processo de nacionalização da eleição local; e 2 – o sentimento de ‘chega de Audifax e Vidigal’. Dependendo do tamanho (para mais ou para menos) destes dois movimentos, a eleição pode mudar de rumos e de perspectivas. De qualquer forma, há um afunilamento da seguinte forma:

Rede/Psol não devem fazer (como não estão fazendo) nenhum movimento brusco; o partido Rede governou a Serra de 2015 a 2020; após o fim do mandato do ex-prefeito Audifax Barcelos, alguns remanescentes do seu grupo ainda estão por lá, entretanto, se conseguir montar chapa de vereador, já será uma vitória. A líder da federação em âmbito estadual é a deputada Camila Valadão que está concentrada em Vitória. Na Serra, a vereadora Raphaela Moraes é o principal nome, mas sua relação orgânica é com Audifax. Pelas mãos de Camila, a Federação tem veto a siglas e palanques considerados de direita e conservadores.

PSB/PDT/SDD: Por natureza do processo eleitoral, a prioridade é a reeleição do prefeito da Serra, Sergio Vidigal – mesmo que eventualmente o governador Renato Casagrande mais pareça querer miná-lo… assunto para ser detalhado em outro texto. Algumas correntes, em especial de fora da Serra, elencam o secretário municipal Philipe Lemos como opção partidária. Mas o plano A é Vidigal e o B também. O prefeito tem mais 1 ano de mandato até entrar nas fases eleitorais mais agudas, se acelerar as obras e dar um retoque na área da Saúde, pode melhorar significativamente o mandato. Ajustando isso, potencializando o que já existe e se Casagrande devolver o esforço empregado por Vidigal em 2022, o atual prefeito chega forte para a reeleição. O verdadeiro desafio de Vidigal continua sendo conseguir crescer para além do seu público cativo… romper o próprio teto… dialogar com o exigente eleitor serrano que só conhece a Serra de hoje em dia e convencê-lo de que a era vidigalista ainda não se encerrou e pode entregar mais.

PP: Pode ter uma participação interessante, especialmente se a filiação do presidente da Câmara da Serra, Saulinho da Academia, for efetivada. É uma sigla grande, endinheirada, sem resistência no eleitorado e flexível quanto à questão ideológica e local. Tem liderança forte estadual e nacional, além de desfrutar de certa independência no ES [leia-se independência a Casagrande] via deputado federal Da Vitória, podendo se movimentar com mais pragmatismo. Saulinho é próximo de Vidigal, mas até então não há alinhamento político irrestrito, no que pesa o bom relacionamento entre os dois. Mas antes de tudo, Saulinho precisa estar filiado no PP, objetivamente.

PSDB/Cidadania/PSC/Podemos (se a federação entre os dois primeiros e os dois últimos vingar…): é um conjunto de partidos diversificado e com muitos nomes. Se a “Federação da Federação” sair mesmo, vai criar um “monstrengo” partidário e, naturalmente, ocasionar uma divisão de poder interna, de forma que o deputado Vandinho Leite continue a exercer o comando na Serra e em outras cidades consideradas por ele estratégicas. Nesse conjunto está o também deputado Alexandre Xambinho, com bem menos influência partidária, mas com liderança considerável na Serra. Dois itens importantes: 1 – é sabido que, pelas mãos de Vandinho, não subirá no palanque nenhum “esquerdista”. 2 – se dessa “Federação da Federação” não sair candidato [leia-se o próprio Vandinho ou, com menor possibilidade, Xambinho], a tendência grande é de se estabelecer em um polo oposto a Vidigal. Será que nessa casa política Casagrande terá alguma gerência do processo? Difícil acreditar que sim, após a patifaria da eleição interna da Assembleia Legislativa.

PT/PV/PC do B: com Lula na presidência da República, o diretório local do PT está alvoroçado por uma candidatura própria na Serra. Até pré-candidato já tem: o publicitário e jornalista Ronaldo Cassundé, mas que precisa acelerar o ritmo se quiser sentar à mesa de negociações. É importante ver como o deputado João Coser e Casagrande vão se movimentar em Vitória. Tem uma razoável chance do PT de Vitória (ou seja, o PT que manda) tentar uma dobradinha com PDT na capital e, para isso, oferecer a Serra como troca. Certamente, Vidigal fará pesquisa para saber o quanto perde e o quanto ganha com isso. Olhando em perspectiva, talvez o PT seja o único com capacidade de montar um palanque de prefeito posicionado na esquerda progressista… se bem trabalhado, pode ser um trunfo eleitoral, já que estará sozinho nesse campo, enquanto seus opostos se acotovelarão pelo eleitorado de direita conservadora. Em tempo: muito difícil acreditar que Vidigal fará discurso ideológico.

PL de baixo para cima: vereador Igor Elson/Carlos Manato/Magno Malta e Bolsonaro. Não há dúvida quanto à expressividade do partido localmente, ainda mais em um contexto de proliferação de pré-candidatos posicionados mais à direita e surfando no conservadorismo. Se vai lançar candidato ou compor… passará pelo alinhamento entre os nomes citados acima, em especial Magno Malta e o próprio Igor. O vereador tem dialogado bem com o Republicanos, PSDB e Audifax… daí pode surgir alguma coisa, tanto para 1º turno como para hipoteticamente um 2º turno. Tamanho e estrutura, por natureza do processo, o PL tem, em especial se o partido comprar mesmo essa briga pela Serra (leia-se Magno Malta e Bolsonaro).

Republicanos: Figura central Amaro Neto, para onde ele vai? Serra, Vitória ou ficar onde está?… De qualquer forma, como candidato ou cabo eleitoral, o jornalista já enfatizou que estará na eleição da Serra. Importante observar os movimentos do deputado Pablo Muribeca, que está desejoso (para dizer o mínimo) em ser candidato a prefeito, mas falta um partido minimamente viável, já que a fusão entre Patriota e PTB não vale de muita coisa. Há conversas bem afuniladas entre ele e o Republicanos. A cola que une o deputado e o partido se chama Erick Musso. Com Amaro, a característica deve ser de uma campanha de rua mais povão e com Pablo, talvez haja algum nível de carga ideológica à direita e muito centralizado nas redes (no que pesa o deputado ter se mostrado desenvolto na rua durante a eleição de 2022).

União Brasil: O partido é grande a nível nacional e casagrandista localmente, tem o vice-prefeito de oposição Thiago Carreiro. Pode somar em algum palanque e abrigar alguns candidatos a vereador excedentes, para fazer uma juntada em uma chapa. Se for no de Vidigal, Thiago deve ser gentilmente convidado a sair.

À procura de um lar: Audifax e Pablo Muribeca. O ex-prefeito bate na porta dos partidos, sem sucesso. Tentou PP… está tentando MDB… está correndo atrás do Republicanos… Mas está difícil a vida do ex-prefeito, que pela primeira vez em uma eleição municipal se vê totalmente sem apoio da máquina municipal e/ou do Governo. Aí é dureza, mas não se pode duvidar, muito menos subestimar, Audifax, quem faz isso geralmente termina derrotado. Porém as opção vão diminuindo e o tempo está correndo. Suas maiores armas: seus votos na Serra, que ainda não foi estimável, mas é certo; e a expectativa de poder, da qual ele sabe usar muito bem e que eventualmente pode ser melhor do que o poder em si, em casos que não é bem utilizado por quem dele desfruta. O maior aliado de Audifax é seu adversário Sergio Vidigal, já que a polarização entre eles os retroalimentam. Além disso, o ex-prefeito mantém um nível de diálogo com o PSDB e o PL (Igor e Manato… já Magno Malta nem tanto). Ideologicamente o ex-prefeito optou por um caminho sem volta ao apoiar Manato no 2º turno da eleição de governador em 2022. Resta saber se os eleitores do que se chama de ‘direita raiz’ vão digeri-lo, se for o caso de uma eleição de tonalidade ideológica.

O segundo à procura de um lar foi citado acima: Pablo Muribeca. O deputado tem duas opções tangíveis, o Republicanos, da qual Amaro Neto já disse que ele é bem-vindo; e o PSD, partido do qual está presidido na Serra pelo articulador político Flávio Serri, que é também o chefe de gabinete de Pablo. O PSD está sob o controle da família Vasconcelos, da qual tem como rosto político o ex-deputado Renzo Vasconcelos. Casagrande tem uma considerável influência neste partido e Renzo deverá ser candidato a prefeito em Colatina. Logo, o PSD estará disponível para ser negociado em prol disso, como moeda de troca. A Serra geralmente é uma beleza para esse tipo de negociação.

No fim é um emaranhado de interesses políticos que se chocam a todo o momento, aproximando uns e distanciando outros. Seja como for, quem não fizer o dever de casa em 2023, nem à mesa poderá se sentar em 2024. Cada um com suas tarefas, mas todos com o mesmo objetivo: governar a Serra.

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