Conceição Nascimento / Yuri Scardini
Presidentes de partidos prometem apertar o cerco contra vereadores que, insatisfeitos com o afastamento da vereadora Neidia Maura (PSD), estão boicotando as sessões da Câmara da Serra, impedindo as votações de projetos, indicações, requerimentos e outros. Moradores também estão mobilizados.
Com a movimentação, a pauta do Legislativo está trancada desde o dia 14 de março. Já se contabilizam 4 sessões esvaziadas, sendo três regimentais e uma extraordinária.
O impasse foi gerado após a determinação da Justiça pelo afastamento de Neidia e posterior validação de Rodrigo Caldeira (Rede) como presidente da Casa. A eleição de Caldeira aconteceu em julho, durante outro afastamento da então presidente.
Para garantir o registro de presença, os vereadores têm participado da abertura das sessões, assinando a folha de ponto e ausentando-se antes da abertura das votações.
Dirigentes reagem
Segundo o presidente do PDT na Serra, Alessandro Comper, o partido vai cobrar fidelidade e respeito dos seus representantes na Câmara, já que a sigla compõe a oposição ao prefeito. “Os vereadores vão ter que ter, além da fidelidade o respeito ao partido, e aos pedetistas que e os ajudaram a colocá-los lá. Não concordamos com esse boicote as sessões”, disse.
Para o presidente do PV, Luiz Carlos Bezerra, os vereadores “não são pagos para bater o ponto e ir embora”. Disse ainda que o partido vai se reunir para “tomar uma posição da Executiva”.
Presidente do PSC, o vereador Pastor Ailton lamentou que a colega de partido, Quélcia, esteja participando do boicote.
“Vamos orientar a vereadora que este não é o melhor caminho, o PSC não comunga dessa ideia”, pontuou.
O presidente do PSB, o ex-vereador Marcos Tongo disse que iria conversar com o vereador Cabo Porto. “Se for boicote, o partido vai ter que se posicionar”.
Já o deputado estadual Bruno Lamas (PSB), disse que a orientação do PSB é para que os vereadores voltem a ter produção legislativa. “A disputa interna não pode influenciar na rotina regimental da Câmara”.
Apesar do boicote ocorrer contra Rodrigo Caldeira, que é da Rede, o porta-voz do partido André Toscano disse que o esvaziamento “faz parte da democracia”.
Participaram das sessões, que foram derrubadas por falta de quórum: Pastor Ailton (PSC), Aécio Leite (PT), Rodrigo Caldeira (Rede), Nacib Haddad (PDT), Luiz Carlos Moreira (PMDB), Roberto Catirica (PHS), Stefano Andrade (PHS) e Geraldinho Feu Rosa (PSB).
Não aderiram ao boicote:
Participaram das sessões, que foram derrubadas por falta de quórum: Pastor Ailton (PSC), Aécio Leite (PT), Rodrigo Caldeira (Rede), Nacib Haddad (PDT), Luiz Carlos Moreira (PMDB), Roberto Catirica (PHS), Stefano Andrade (PHS) e Geraldinho Feu Rosa (PSB).
Aderiram ao boicote:
Adilson de Novo Porto Canoa (PSL), Adriano Galinhão e Miguel da Policlínica (ambos PTC), Alexandre Xambinho e Ericson Duarte (ambos Rede), Fábio Duarte e Geraldinho PC (ambos PDT), Basílio da Saúde (Pros), Cabo Porto (PSB), Cleusa Paixão (PMN), Quélcia Fraga (PSC), Gilmar Dadalto Raposão (PSDB), Robinho Gari (PV) e Wellington Alemão (DEM).
Morador se mobiliza contra rombo nos cofres públicos
Um rombo de R$ 24 mil aos cofres públicos. Este é o saldo das três sessões da Câmara da Serra, após o movimento de esvaziamento proposto por um grupo de 14 vereadores.
Somados a remuneração das três sessões boicotadas pelo número dos vereadores faltosos, dá um montante de quase R$ 24 mil em recursos públicos. Isso porque cada parlamentar recebe R$ 565 por sessão.
Em função desse esvaziamento, um abaixo-assinado online está circulando pela web. Até o fechamento dessa edição já se contabilizava 386 assinaturas. O objetivo é cortar o ponto dos faltosos. A meta é que sejam coletadas 500 assinaturas para que o documento seja encaminhado à 13ª Promotoria Cível da Serra. O abaixo-assinado é de responsabilidade do grupo Fiscaliza Serra.
Já o grupo Monitora Serra promoveu, na última segunda-feira (19) um abraço simbólico à Câmara da Serra, com o objetivo de cobrar transparência na Casa. Um dos organizadores do ‘abraço’, Thiago Carreiro, disse que “atitudes como a que os 14 vereadores estão tomando em detrimento do interesse, deixam claro que os R$ 35 milhões que saem do bolso do cidadão para a Câmara é um dinheiro gasto em um circo pra não dizer que está indo pro lixo”, disse.