É triste ver o país discutir temas conservadores – como o retorno da ditadura militar, que já deveriam ter ficado para trás há muito tempo, mas que insistem em permanecer atuais. Será isso uma das demonstrações do fracasso da esquerda lulopetista no poder?
Fracasso ou não, o fato é que o Brasil, apesar de ter instituições governamentais fortes, vive uma onda de anarquia, violência, transgressões às leis e impunidade muito grande.
O desgoverno central, de onde emanam as grandes decisões nacionais, é o principal combustível para reações tidas como conservadoras que entraram em choque com movimentos sociais; esses últimos ganharam força, espaço e prestígio na ascensão da esquerda ao poder.
Discute-se muito hoje a redução da maioridade penal, como se isso fosse a chave para a redução da violência no país. Mas pouco se fala no que é o cerne da questão: penas mais severas para os menores que praticarem crimes e o governo prover o país de condições para que esses adolescentes cumpram as penas na forma como preveem as leis.
Hoje não se vê nenhuma das duas situações: as leis são brandas e nem a União, tampouco os governos estaduais, conseguem implantar as medidas socioeducativas. O resultado é que os menores infratores voltam para as ruas e a grande maioria passa a praticar crimes cada vez mais audaciosos e violentos, revoltando a população.
Ganha coro novamente a liberação da venda de armas de fogo no país, depois de 12 anos de entrar em vigor o Estatuto do Desarmamento. Esse tema, depois de sepultado, voltar ao debate nacional é reflexo de que o governo do PT se perdeu na política de combate ao crime e isso é tão perceptível que ninguém questiona o aumento da violência, só admite.
A falta de regulamentação da lei das domésticas, das relações homoafetivas, o coro pela intervenção militar e tantos outros assuntos que já deveriam ter sido resolvidos e enterrados estão aí, presentes no dia a dia, tomando espaço, energia, recursos e impedindo o país de avançar nas soluções de seus problemas.
Jogando gasolina na fogueira
Quanto à instabilidade política e econômica que vem crescendo no país, convergem as análises sobre a gravidade da situação feitas pelos veículos de imprensa mais importantes do país – Folha de São Paulo, Estadão, O Globo, Isto é, Veja e outros.
Não é diferente das avaliações dos analistas políticos, econômicos e sociais do país; feitas também pela oposição e até mesmo por magistrados, que costumam usar de muita cautela para emitir suas opiniões.
Já estão mais que escancaradas a delicada condição da presidente Dilma, do PT, e a posição ambígua do PMDB, que ora é situação e ora é oposição.
Cena que pode piorar caso outros órgãos e empresas do governo também passem pela devassa que a Petrobrás passou. Se esquemas de corrupção aparecerem no BNDES, no setor elétrico, fundos de pensões de estatais, entre outros, o país pode imbicar numa crise ainda mais severa. O aumento da indignação do povo brasileiro fatalmente redundaria na antecipação do fim de um governo que já não governa mais nada.
Talvez nem precise disso tudo. O fim do governo Dilma e da era PT no poder poderá ser decretado se a presidente bater na casa de um dígito na próxima pesquisa de avaliação de seu governo e do seu desempenho à frente do governo.
Na pesquisa divulgada na semana passada ela apareceu com 13% de avaliação positiva. Enquanto isso, protestos na rua. Os contra o governo, compostos por setores conservadores, e outros menos ideologizados, mas que querem um Brasil mais eficiente e menos corruto. Os favoráveis, mobilizados pelos sindicatos ligados à CUT, MST, pelo próprio PT e outros movimentos sociais ligados à legenda.
É nítida a tensão crescente entre esses dois grupos, o que joga mais gasolina na fogueira que consome o país que, como as turfas da Serra, parece longe de apagar.