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Câmara da Serra é barril de pólvora e deflagra guerra entre aliados de Vidigal e Audifax

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Plenário da Câmara da Serra. Foto: divulgação

A polarização entre o ex-prefeito Audifax Barcelos e o atual prefeito Sérgio Vidigal pauta a política da Serra desde 2008, quando os dois racharam a antiga aliança na convenção do PDT. De lá pra cá, a Serra foi dividia em dois grandes polos políticos-eleitorais e que sempre refletiu na Câmara da Serra.

E esse ano não é diferente, mas o que chama a atenção são o nível e a brevidade desse embate, que costuma ficar mais latente apenas nos dois últimos anos de legislatura, e não nos 5 primeiros meses.

O clima já vinha enveredando para esse debate, com discussões pontuais e troca de farpas, mas sem envolver todo o plenário. No entanto, na última quarta-feira (19), a maioria das quase 2h de sessão, foi dedicada a um acentuado embate entre parlamentares do bloco governistas, versus vereadores que se elegeram dentro do eixo partidário de Audifax. Pode ser cedo para chamá-los de ‘oposição’, mas no mínimo independentes já é bastante factível.

Tudo começou  após o vereador Rodrigo Caçulo eleito no arco audifista, subir a tribuna para cobrar resolução de problemas na região de Serra Sede. Ele apontou “descaso” da Prefeitura com o bairro Residencial da Serra, desde violência, limpeza urbana, buracos em vias públicas, falta de obras de asfaltamento e infraestrutura. Colegas parlamentares tentaram uma parte no pronunciamento de Caçulo e não conseguiram, a partir daí o clima começou a azedar.

Em seguida, o vereador Jefinho de Balneário jogou gasolina para os demais parlamentares da base governista; foi aí que começou o assunto Audifax versus Vidigal. Os rebatimentos a Caçulo partiram da tese de que ‘faz apenas cinco meses’ que o atual prefeito assumiu a gestão, por isso, a responsabilidade de determinados problemas seria da gestão anterior, que permaneceu no poder por oito anos.

Jefinho criticou o aumento de IPTU na gestão de Audifax e citou os empréstimos feitos nos anos passados, apontando áreas de Balneário de Carapebus que ainda teriam sido contemplados com recapeamento. O vereador mostrou fotos do calçamento do Beco do Amém também em Balneário de Carapebus, recém-entregue por Vidigal.

“Você acha que esse cara (referindo-se a Audifax) não podia ter asfaltado um beco com esses R$ 230 milhões [de empréstimos]”, disse. E insinuou que Audifax teria “coração de pedra”.

Daí em diante, foi um ciclo de embates e comparações entre a gestão passada de Audifax e a atual de Vidigal, que envolveu praticamente todo o plenário, explicitando o grau de polarização que reflete na Câmara da Serra. Entre os mais inflamados estavam Paulinho do Churrasquinho pelo lado do PDT, que apontou um suposto colapso na área da saúde durante a gestão passada.

Na Câmara há três vereadores que vieram do secretariado de Audifax, são eles: Igor Elson, Raphaela Moraes e Elcimara Loureiro. Todos eles usaram o microfone para rebater os governistas e defender a gestão da qual fizeram parte. Citaram problemas no auxílio funeral e defenderam a gestão de Audifax elencando realizações de obras.

O clima seguiu esquentando, com vereadores apontando dedos uns para os outros aos gritos de ‘mentiroso’, ‘mal informado’ entre outras ofensas. A sessão seguiu com críticas de Wellington Alemão à gestão de Audifax; e ao pronunciamento do líder do Governo na Câmara, Sérgio Peixoto, que fez defesa das ações de Vidigal e rebateu críticas de aliados do ex-prefeito. Foram ao menos 1h20 de embates, rebates, críticas, defesas e ataques, dentro dessa temática extenuante de Audifax versus Vidigal.

O arranjo da Câmara é formado por coalizões que algumas vezes se isomorfizam; são vereadores eleitos nas siglas aliadas de Audifax, Vidigal e os deputados Vandinho Leite, Bruno Lamas e Alexandre Xambinho. As forças mais protuberantes em termos de aglutinação estão em torno dos três primeiros, que mantém ao menos três ou quatro vereadores orgânicos.

Atualmente a base de Vidigal está calcada em 2/3 dos 23 vereadores isolando o movimento oposicionista e/ou independente com 1/3, o que não deixa de ser um número razoável. Diferente do último mandato de Audifax, a atual Mesa Diretora é simpática a gestão de Vidigal e as principais comissões internas estão ocupados por aliados.

Ainda não há sinais de um movimento estruturado e com poder interno capaz de tocar uma agenda oposicionista que imponha grandes dificuldades de ordem política a Vidigal, mas chama a atenção os embates de vereadores governistas e parlamentares aliados de Audifax, tanto pelo nível de estresse quanto pelo pouco tempo de convívio.

Além disso, não houve uma prova de fogo capaz de mensurar a capacidade de articulação governista no plenário. Há cerca de 1 mês, ensaiou-se algo parecido, quando a Prefeitura protocolou o projeto que obrigava o uso de máscara na Serra; após receio de derrubada legislativa, Vidigal preferiu retirar de pauta e fazer por decreto, sem passar pela Câmara.

É possível que a Reforma Administrativa pleiteada por Vidigal – que deve estar na Câmara da Serra pelas próximas semanas – seja a prova de fogo mais perene de curto prazo, que servirá para avaliar o nível de estresse na Câmara e o limite pelo qual a oposição e/ou independentes estão dispostos a ir nesses poucos meses de legislatura.

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